Questão 339411dc-d8
Prova:EINSTEIN 2018
Disciplina:Biologia
Assunto:Evolução biológica, Origem e evolução da vida

Duas espécies de raposas do Brasil, separadas há milhares de anos pela mata atlântica, estão cruzando entre si e produzindo filhotes híbridos, talvez porque a derrubada da maior parte da floresta tenha eliminado a principal barreira que existia entre elas. As raposas são a raposinha-do- -campo (Lycalopex vetulus), típica do cerrado, e o graxaim- -do-campo (Lycalopex gymnocercus), natural dos pampas gaúchos. Pesquisadores fizeram a primeira confirmação desse cruzamento ao analisarem dois animais classificados morfologicamente como L. vetulus, mas que apresentavam DNA mitocondrial de L. gymnocercus. A pesquisa prosseguiu analisando-se também o DNA nuclear das células de outros animais coletados. Seis raposinhas-do-campo tinham características de híbridos, inclusive a segunda geração (ou seja, netos do cruzamento original entre as duas espécies). Cinco delas tinham o DNA mitocondrial de graxaim e uma delas apresentou sinais de hibridização apenas no DNA nuclear.

                                                 (Folha de S.Paulo, 05.04.2017. Adaptado.)



Com base em conhecimentos sobre os mecanismos evolutivos e especiação, conclui-se que as duas espécies de raposas

A
passaram por um processo de convergência adaptativa que as levou ao isolamento reprodutivo e à especiação.
B
originaram-se de um grupo ancestral, mas o isolamento geográfico não as levou ao isolamento reprodutivo.
C
possuem isolamento reprodutivo pré-zigótico, mas não isolamento reprodutivo pós-zigótico.
D
passaram por um processo de especiação simpátrica durante o qual perderam o isolamento reprodutivo.
E
originaram-se por seleção artificial e por isso mantiveram suas características reprodutivas.

Gabarito comentado

R
Robson FriasMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: especiação e mecanismos de isolamento reprodutivo. A notícia descreve hibridização entre duas espécies separadas por barreiras geográficas no passado, com evidência de DNA mitocondrial de uma espécie em outra e filhotes de segunda geração — sinais claros de fluxo gênico entre elas.

Resumo teórico essencial: especiação costuma ocorrer quando populações ficam isoladas (alopátrica) e acumulam diferenças que levam ao isolamento reprodutivo. Se, ao se encontrarem de novo (contato secundário), ainda conseguem cruzar e gerar descendentes férteis, o isolamento reprodutivo é incompleto (há fluxo gênico). O DNA mitocondrial é herdado maternalmente, por isso identificar mtDNA de uma espécie em indivíduos da outra indica cruzamentos com mães daquela espécie (Avise, 2004; Mayr, 1963; Futuyma, 2013).

Por que B é correta: a alternativa afirma que as espécies originaram-se a partir de um ancestral (situação esperada) porém o isolamento geográfico não foi suficiente para produzir isolamento reprodutivo completo — justamente o que os dados mostram: híbridos e até netos de híbridos, além de mtDNA indicando cruzamentos maternos. Conclusão lógica: houve divergência, mas não barreira reprodutiva total.

Análise das incorretas:

A — Convergência adaptativa gera semelhanças independentes, não explica hibridização nem troca de DNA entre espécies.

C — Diz que existe isolamento pré-zigótico (impede a formação do zigoto). Impossível aqui: formação de híbridos e F2 indica que não há barreira pré-zigótica efetiva; além disso, há produção de descendentes, logo não apenas pós-zigótico.

D — Especiação simpátrica acontece sem separação geográfica; a notícia relata separação pela mata atlântica e recente contato. Além disso, "perderam o isolamento" não descreve bem processo de especiação.

E — Seleção artificial implica intervenção humana; não há indicação de criação ou manejo por pessoas.

Dica de interpretação para provas: procure palavras-chave — híbrido, mtDNA, segunda geração, isolamento geográfico. mtDNA materno + híbridos férteis = fluxo gênico entre espécies → isolamento reprodutivo incompleto.

Fontes recomendadas: Mayr, E. (1963). Animal Species and Evolution; Futuyma, D. (2013). Evolution; Avise, J. (2004). Molecular Markers, Natural History and Evolution.

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