Uma das situações mais dramáticas da atualidade é vivida no Sudão do Sul, país mais novo do mundo, formado em julho de 2011 após a divisão do Sudão, mas que arrasta décadas de sofrimento. As afirmações abaixo expressam a condição vivida pela população do país, EXCETO que

o antigo Sudão sempre foi marcado por violência e conflitos religiosos. O norte, majoritariamente muçulmano, oprimiu por longo tempo o sul cristão. A autodeterminação sulista era uma luta antiga. Duas guerras civis feriram o país, nos últimos 50 anos. A primeira durou quase duas décadas (1955-1972), quando o sul exigia um sistema federativo. Na segunda guerra (1983-2005), o norte pretendeu transformar todo o país (inclusive regiões do sul) num estado árabe.

centenas de civis foram massacradas em razão de sua etnia na cidade petroleira de Bentiu, por tropas do ex-vice-presidente do Sudão do Sul no mês de abril. Apenas quem conseguiu se abrigar em mesquitas, igrejas, hospitais e prédios da ONU esteve a salvo nesta escalada de violência.

após a confirmação de que crianças foram mortas no Sudão do Sul nos ataques contra civis que marcaram o mês de abril/2014, ou como resultado de terem sido recrutadas por grupos armados para serem transformadas em crianças-soldado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que a crescente violência, além de tirar vidas, está agravando uma já “muito perigosa” crise de desnutrição, que pode afetar cerca de 250 mil crianças até o final do ano.

surtos de violência devastam as cidades no norte e centro do país. Esses confrontos e ataques de represália forçaram milhares de pessoas a buscar refúgio nas bases da Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS), que já estavam lotadas abrigando mais de 75 mil pessoas.

o conflito explodiu no país africano em dezembro de 2013 e ganhou rapidamente contornos étnicos, já que o presidente pertence à tribo Dinka, enquanto o ex-vice-presidente e líder rebelde é da tribo Nuer. Os enfrentamentos, nos quais morreram milhares de pessoas, colocaram o país à beira de uma guerra civil, depois que o presidente acusou o ex-vice-presidente de ter tramado um golpe de Estado.

Gabarito comentado

Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: trata-se de Geografia Política aplicada a conflitos intraestatais — Estado-nação, linhas étnicas, guerra civil, deslocamento forçado e crise humanitária (ex.: Sudão do Sul desde 2013/2014). Conhecimentos necessários: dinâmica de formação estatal, papel da etnia em conflitos políticos e atuação de organismos como ONU/UNICEF/UNMISS.

Por que B é a EXCEÇÃO: a alternativa afirma que “apenas quem conseguiu se abrigar em mesquitas, igrejas, hospitais e prédios da ONU esteve a salvo”. Isso é incorreto porque, embora muitos civis tenham buscado refúgio nessas instalações, elas nem sempre ofereceram segurança absoluta — houve ataques, saques e mortes mesmo em áreas de abrigo e relatos de violações dentro e em torno de bases da ONU (UNMISS) e de instituições religiosas. Além disso, a formulação absoluta "apenas ... esteve a salvo" é enganadora: muitos foram mortos apesar de estarem em refúgios, e muitas pessoas sobreviveram em outros locais. Fontes: relatórios da ONU, Human Rights Watch e cobertura jornalística de 2014 documentaram abusos mesmo em zonas de proteção.

Análise das demais alternativas (válidas):

A — Correta: sintetiza bem o histórico norte (muçulmano/árabe) × sul (cristão/animista) e as duas grandes guerras civis (1950s–1972; 1983–2005) e a demanda por autodeterminação e federalismo. (Conceitos: Estado, nação, disputas centro-periferia.)

C — Correta: UNICEF alertou sobre risco grave de desnutrição infantil após a intensificação da violência em 2014, incluindo recrutamento de crianças‑soldado e mortes de menores; estimativas apontaram centenas de milhares em risco.

D — Correta: surtos de violência deslocaram massas e forçaram refugiados internos a buscar proteção em bases da UNMISS; números de abrigados nas bases chegaram a dezenas de milhares (registro de dezenas de milhares em 2014).

E — Correta: o conflito reaqueceu em dezembro de 2013 com forte componente étnico (presidente Salva Kiir, dinka; ex-vice Riek Machar, nuer), acusações de golpe e escalada rumo à guerra civil.

Estratégia de prova: ao ver “EXCETO” procure a afirmativa com palavra absoluta (ex.: “apenas”, “sempre”) ou com informação que contraria relatórios internacionais; verifique nomes, datas e o caráter absoluto das frases — pistas de pegadinha.

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