O impacto da globalização econômica e da montagem
do meio técnico-científico-informacional é visto por muitos
autores como o principal fator a produzir a polêmica
“desterritorialização” do Estado e a correspondente (e ilusória)
remoção de suas fronteiras. Na verdade, mais que
desaparecendo, as fronteiras político-administrativas estão,
muitas vezes, mudando de escala, especialmente no caso de
grandes blocos econômicos como a União Europeia.
(Adaptado de HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova desordem mundial. São Paulo: Editora da UNESP, 2006, p. 57).
Sobre a formação dos blocos econômicos regionais,
analise as proposições abaixo e, em seguida, assinale a
alternativa que contém só as corretas.
I) A ideia de formação de grandes blocos econômicos
regionais começa após as Grandes Guerras Mundiais,
justamente em uma tentativa de retirar poder de Estados,
especialmente os de maior vocação beligerante, e garantir a
paz e o crescimento em um período de grave crise
econômica.
II) A criação dos blocos econômicos regionais se constitui
numa resistência organizada de Estados-nações ao
processo de globalização econômica e à implantação das
políticas neoliberais de ajuste estrutural que o acompanhou
e aprofundou.
III) No caso da união Européia, sua criação teve, também,
como objetivo, fazer frente ao crescimento do poderio norteamericano e soviético (depois japonês) no cenário
internacional, dentro das disputas intercapitalistas por
hegemonia.
IV) Os blocos econômicos regionais, ao substituírem os
Estados-nações como entidades territoriais responsáveis
pelo exercício da política, transformaram-se na escala
geográfica exposta às pressões das sociedades por
políticas de segurança, saúde, educação, habitação,
emprego, geração de renda etc.
V) A criação dos blocos econômicos regionais visa, sobretudo,
garantir o controle sobre mercados privilegiados e tidos
como parceiros “naturais” na geopolítica do comércio
mundial.
Estão corretas:
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — I, III e V
Tema central: a questão trata da formação de blocos econômicos regionais no contexto da globalização — por que surgiram, quais objetivos perseguem e que relação têm com o Estado-nação. É essencial relacionar história (pós‑Segunda Guerra), objetivos econômicos e o papel da escala territorial.
Resumo teórico: blocos regionais (ex.: União Europeia, NAFTA/USMCA, Mercosul) nascem como instrumentos de integração econômica e política. No pós‑guerra europeu houve iniciativas (Declaração de Schuman, 1950; CECA, 1951; Tratado de Roma, 1957) para promover paz, reconstrução e mercados integrados. Esses blocos não anulam o Estado, mas rescalam competências (cooperação supranacional em áreas específicas) e visam ampliar competitividade e acesso a mercados privilegiados.
Fontes úteis: HAESBAERT & PORTO‑GONÇALVES, A nova desordem mundial (2006); Declaração de Schuman (1950); Tratado de Roma (1957); Dicken, Global Shift (cap. integração regional).
Justificativa da alternativa C (I, III e V):
I — correta: a ideia de formar blocos regionais consolidou‑se após as Grandes Guerras com intenção explícita de reduzir tensões entre Estados (principalmente entre França e Alemanha), promover paz e recuperação econômica (ex.: Schuman, CECA, Plano Marshall).
III — correta: a construção da Comunidade Europeia também teve objetivo geopolítico — criar peso coletivo frente às superpotências (EUA e URSS) e, mais tarde, frente às potências econômicas asiáticas; trata‑se de disputa intercapitalista por influência e segurança econômica.
V — correta: buscava‑se controlar mercados preferenciais e consolidar parceiros naturais no comércio; integração regional garante acesso protegido a mercados e cadeias produtivas.
Análise das proposições incorretas:
II — incorreta: afirmar que blocos regionais são uma resistência organizada dos Estados‑nação à globalização/neoliberalismo é reducionista. Na prática, muitos blocos impulsionam liberalização comercial e políticas para aumentar competitividade; são instrumentos de inserção no mercado global, não simples barreiras anti‑globalização.
IV — incorreta: blocos não substituíram os Estados‑nação. Eles transferem algumas competências e criam níveis supranacionais, mas a provisão de políticas públicas essenciais continua majoritariamente ligada aos Estados; a afirmação é absoluta e, portanto, falsa.
Estratégia para gabaritar: atente para termos absolutos (ex.: "substituíram") e para contexto histórico (pós‑Segunda Guerra). Relacione objetivo econômico (mercados) e político (paz/competitividade) antes de marcar.
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