A fenilcetonúria é um erro inato do metabolismo, de caráter genético (autossômico recessivo), caracterizada pelo acúmulo de
fenilalanina (FAL) na corrente sanguínea e aumento da excreção urinária de ácido fenilpirúvico e de FAL, em decorrência da ausência
da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH). Esta última está envolvida na hidroxilização da FAL em tirosina que, por sua vez, participa
da síntese de melanina.Esta doença acomete aproximadamente 1 em cada 10.000 indivíduos nascidos vivos da população
caucasiana. Portadores da fenilcetonúria apresentam uma mutação no gene PAH que altera a sua estrutura em qualquer uma
das diversas bases de DNA do gene, proporcionando, entre outros sintomas, atraso mental e convulsões.
Um homem, normal para a fenilcetonúria, casado com uma mulher de mesmo fenótipo, procura um geneticista para saber a
possiblidade de ele ter uma criança do sexo feminino com essa doença, sabendo que, na família, apenas sua irmã e o irmão de
sua esposa apresentam a fenilcetonúria.
A partir dessas informações, o geneticista afirmou que a possibilidade de isso ocorrer é de
Gabarito comentado
Resposta correta: D — 1/18
Tema central: genética mendeliana — herança autossômica recessiva e probabilidade condicionada. Importância: saber transformar informações de pedigree em probabilidades para avaliar risco genético.
Resumo teórico: Para uma doença autossômica recessiva (aa = afetado), pais de um indivíduo afetado obrigatoriamente são portadores (Aa). Entre irmãos fenotipicamente normais, a probabilidade de serem portadores é 2/3 (condicional: entre os genótipos possíveis exclui-se aa; sobra AA 1/3 e Aa 2/3). A probabilidade da criança ser afetada quando ambos os pais são portadores é 1/4. Probabilidade do filho ser do sexo feminino é 1/2. As probabilidades dos eventos (cada progenitor ser portador) são assumidas independentes se não houver consanguinidade.
Cálculo passo a passo:
P(homem é portador) = 2/3 (irmã afetada explica que seus pais são Aa)
P(mulher é portadora) = 2/3 (irmão afetado na família dela)
P(criança afetada | ambos portadores) = 1/4
P(criança do sexo feminino) = 1/2
Probabilidade conjunta = (2/3) × (2/3) × (1/4) × (1/2) = 4/9 × 1/8 = 4/72 = 1/18.
Por que as outras alternativas estão erradas:
- A — 1/4: corresponde apenas à chance de um filho ser afetado se ambos os pais já fossem comprovadamente portadores (1/4), sem considerar que ambos podem não ser portadores.
- B — 1/8: seria (1/4 afetado) × (1/2 feminino) = 1/8 assumindo pais portadores certos; aqui não se incorpora a incerteza dos pais serem portadores.
- C — 1/16: poderia surgir de (1/4 × 1/4) ou outro produto incorreto — não corresponde à progressão correta das probabilidades condicionais dadas pelo pedigree.
- E — 1/36: é menor que o correto (1/18); pode vir de (2/3 × 2/3 × 1/9) ou erro aritmético — não corresponde ao modelo genético aplicado.
Dica de resolução: identifique quem é informante de ser afetado (faz os pais serem Aa), use probabilidade condicional para irmãos fenotipicamente normais (2/3), multiplique probabilidades independentes e não esqueça o fator sexo quando pedido.
Referência conceitual: princípios de genética mendeliana encontrados em textos como Griffiths et al., "An Introduction to Genetic Analysis".
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