A riqueza energética do hidrogênio deve-se à sua
capacidade de transferir facilmente elétrons para
outros compostos, como o oxigênio, e liberar
energia. Esse processo é descrito, de modo um
tanto confuso, como “redução química”. Os
cientistas suspeitavam havia tempos que gases
reduzidos desempenhavam papel importante na
origem da vida na Terra. Na década de 20, o
bioquímico russo Alexander Oparin e o
evolucionista britânico J.B.S. Haldane sugeriram,
isolada e independentemente, que a atmosfera
primitiva da Terra pode ter sido muito rica em
gases redutores, como metano, amônia e
hidrogênio. E, nessas concentrações elevadas, os
ingredientes químicos necessários para a vida
podem ter-se formado espontaneamente.A ideia ganhou credibilidade décadas mais tarde,
com o famoso experimento dos químicos Stanley
Miller e Harold Urey, da University of Chicago,
em 1953. Ao aquecer e descarregar faíscas em
uma mistura de gases redutores, os cientistas
conseguiram criar uma gama de compostos
orgânicos (a maioria contendo carbono e
hidrogênio), inclusive aminoácidos, os blocos de
construção das proteínas, vitais para todas as
formas de vida terrestre. Entretanto, nos anos
subsequentes ao experimento, geólogos
concluíram que a atmosfera ancestral não era
nem de longe tão redutora como a dupla havia
pensado. Segundo eles, as condições que
formaram aminoácidos e outros compostos
orgânicos em sua experiência provavelmente
nunca existiram na atmosfera. (BRADLEY, 2017).
Analisando-se o texto e com base nos conhecimentos sobre
a origem da vida, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: origem da vida — como moléculas orgânicas e estruturas celulares surgiram na Terra primitiva. Para responder é preciso entender pré-biotica química (síntese de blocos moleculares) e a composição elemental necessária à vida.
Resumo teórico sucinto: A vida conhecida depende de alguns elementos-chave: carbono (esqueleto de moléculas orgânicas), nitrogênio (aminoácidos, bases nitrogenadas) e oxigênio (água, grupos funcionais). Experimentos clássicos (Miller & Urey, 1953) mostraram que, em condições redutoras, pode haver formação abiótica de aminoácidos. Oparin e Haldane propuseram atmosferas ricas em gases redutores como cenário plausível (Oparin 1924; Haldane 1929). Posteriormente, argumentos geológicos sugeriram que a atmosfera primordial pode ter sido menos redutora do que eles imaginaram, mas isso não elimina a necessidade dos elementos C, N e O para a vida (Miller & Urey, 1953; revisões modernas sobre química prebiótica).
Por que a alternativa B é correta: Ela afirma que, independentemente dos eventos precisos, a presença de elementos essenciais (C, O, N) foi imprescindível. Isso é conceitualmente correto: mesmo que a atmosfera não fosse fortemente redutora, as reações químicas que geraram os monômeros biológicos e, depois, polímeros, exigem esses átomos como componentes fundamentais das biomoléculas e da água, solvente essencial para as reações.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. O experimento de Miller e Urey gerou aminoácidos, não seres vivos. Não se observou formação de organismos nem de estruturas celulares completas (nem “sem histonas” faz sentido aqui).
C — Incorreta. A elucidação completa dos eventos que originaram o primeiro ser vivo NÃO ocorreu; modelos e hipóteses existem, mas não há uma descrição final e imutável — ciência é tentativas e revisões contínuas.
D — Incorreta. A afirmação de que gases redutores teriam levado, a todo instante, à origem e sobrevivência de qualquer ser vivo é exagerada. Primeiro, a vida surgiu uma vez (ou poucas vezes) em condições específicas; segundo, a ideia de “a todo instante” não é respaldada; além disso, argumentos geológicos questionam a atmosfera tão redutora proposta por Oparin/Haldane.
E — Parcialmente enganosa. Membranas protocelulares plausíveis são parte das hipóteses sobre origem da vida (lipídios formando vesículas). Porém a alternativa diz “após a origem do primeiro ser vivo foi possível a formação de uma membrana…” como se fosse consequência imediata e universal — a questão da membrana e da definição de “primeiro ser vivo” é complexa e não justifica a afirmativa como correta perante a B.
Fontes e leituras sugeridas: Miller & Urey (1953, Science); Oparin (1924) e Haldane (1929); revisões modernas sobre química prebiótica (ex.: Deamer & Weber, 2010).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






