Em meio à globalização, especialmente com o aumento da mobilidade internacional
dos capitais exportados pelos países centrais, vários países da chamada semiperiferia
e ou de origem colonial passam por processos de modernização econômica, como,
por exemplo, a ampliação da participação dos produtos industrializados na pauta das
exportações. Sobre o processo da globalização, na última década, é correto afirmar que:
Tomando como base a história do capitalismo brasileiro e o processo de globalização
comparados com o texto abaixo (publicado originalmente em 1966), responda à questão.
“Em conclusão, apesar das grandes transformações por que passou a economia
brasileira, e que se vêm acentuando nestes últimos decênios, ela não logrou superar
algumas de suas principais debilidades originárias, e libertar-se de sua dependência
e subordinação no que respeita ao sistema econômico e financeiro internacional de
que participa e em que figura em posição periférica e marginal. /.../ é um progresso
que pela maneira como se realiza , ou se realizou até hoje, se anula em boa parte
e se autolimita, encerrando-se em estreitas perspectivas. Isso porque se subordina
a circunstâncias que, embora aparentemente distintas do antigo sistema colonial,
guardam com esse sistema, na sua essência, uma grande semelhança. /.../
Em suma, /.../ o antigo sistema colonial em que se constituiu e evoluiu a
economia brasileira, apesar de todo o progresso e as transformações realizadas,
fundamentalmente se manteve, embora modificado e adotando formas diferentes.
E o processo de integração econômica nacional, embora se apresente maduro
para sua completa e definitiva eclosão, se mostra incapaz de chegar a termo e
se debate em contradições que não consegue superar. Das contradições que no passado solapavam a economia brasileira, passamos a outras de natureza diferente,
mas nem por isso menos graves. Essas contradições se manifestam sobretudo, e
agudamente, como vimos, na permanência, e até no agravamento da tendência
ao desequilíbrio de nossas contas externas, embora apresentando-se agora sob
novas formas, e implicando diretamente a ação imperialista. São as nossas relações
financeiras com o sistema internacional do capitalismo – e nisso se distingue a nossa
situação atual da do passado – que comandam o mecanismo das contas externas
do país. Não são mais unicamente as vicissitudes da exportação brasileira, como
ocorria anteriormente, que determinam o estado daquelas contas. E sim sobretudo
e decisivamente os fluxos de capitais controlados do exterior e que sob diversas
formas (inversões, financiamentos, empréstimos, amortizações, rendimentos etc.)
se fazem num e noutro sentido em função dos interesses da finança internacional.
Ou por fatores de ordem política que em última instância também se orientam por
aqueles interesses”.
PRADO, Jr. Caio. A revolução brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1966.
Gabarito comentado
Resposta correta: E
Tema central: globalização financeira e investimentos internacionais — especialmente a expansão do capital chinês na África para garantir recursos energéticos e empregar a massa de capital resultante da industrialização.
Resumo teórico (síntese didática): a partir das décadas finais do século XX houve aumento da mobilidade internacional de capitais (FDI, empréstimos, portfólio). Países semiperiféricos modernizam suas exportações, mas mantêm relações assimétricas com centros financeiros. A China, com excedente de poupança e necessidade de segurança energética, canaliza investimentos diretos para o setor petrolífero em países da África subsaariana — estratégia documentada por UNCTAD (World Investment Report) e estudos do IMF/CEPAL sobre investimento chinês e segurança energética.
Por que a alternativa E está correta: ela descreve um fenômeno comprovado — empresas estatais e privadas chinesas (ex.: CNPC, CNOOC, Sinopec) investem em petróleo africano para garantir suprimento energético e empregar capital exportado da rápida expansão industrial chinesa. Esses fluxos explicam parte da internacionalização do capital chinês e sua presença crescente na África subsaariana.
Análise das alternativas incorretas:
- A — Errada: inverte a realidade histórica: Japão desenvolveu práticas toyotistas (lean production); China mistura modelos e escalas massivas — não cabe a afirmação simplista de fordismo japonês versus toyotismo chinês.
- B — Errada: BRIC não inclui uniformidade de crescimento; China cresceu muito mais rápido e o papel estatal varia. A ideia de taxas semelhantes e mesma causa (controle estatal) é imprecisa — o pré‑sal brasileiro e estatais chinesas não geraram padrões iguais.
- C — Errada: a crise de 2008 afetou profundamente economias periféricas via comércio e fluxos financeiros; muitos países sul‑americanos/africanos sofreram desaceleração e queda de emprego/receitas, logo não é correto afirmar que não houve impacto significativo.
- D — Errada: apesar do aumento do IDE global, a disparidade persiste: capital e tecnologia continuam concentrados; uniformização tecnológica é limitada e desigual.
Dica de prova: ao ver alternativas sobre globalização, busque atores concretos (empresas estatais, BRICS, UNCTAD/IMF) e conecte fluxo de capital a objetivos estratégicos (recursos, mercados, segurança energética).
Fontes úteis: UNCTAD — World Investment Report; relatórios do IMF sobre fluxos de capital; estudos da CEPAL sobre integração e dependência.
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