Questão 12f2aaf1-ec
Prova:CÁSPER LÍBERO 2010
Disciplina:Geografia
Assunto:Globalização

Em meio à globalização, especialmente com o aumento da mobilidade internacional dos capitais exportados pelos países centrais, vários países da chamada semiperiferia e ou de origem colonial passam por processos de modernização econômica, como, por exemplo, a ampliação da participação dos produtos industrializados na pauta das exportações. Sobre o processo da globalização, na última década, é correto afirmar que:

Tomando como base a história do capitalismo brasileiro e o processo de globalização comparados com o texto abaixo (publicado originalmente em 1966), responda à questão.


“Em conclusão, apesar das grandes transformações por que passou a economia brasileira, e que se vêm acentuando nestes últimos decênios, ela não logrou superar algumas de suas principais debilidades originárias, e libertar-se de sua dependência e subordinação no que respeita ao sistema econômico e financeiro internacional de que participa e em que figura em posição periférica e marginal. /.../ é um progresso que pela maneira como se realiza , ou se realizou até hoje, se anula em boa parte e se autolimita, encerrando-se em estreitas perspectivas. Isso porque se subordina a circunstâncias que, embora aparentemente distintas do antigo sistema colonial, guardam com esse sistema, na sua essência, uma grande semelhança. /.../ Em suma, /.../ o antigo sistema colonial em que se constituiu e evoluiu a economia brasileira, apesar de todo o progresso e as transformações realizadas, fundamentalmente se manteve, embora modificado e adotando formas diferentes. E o processo de integração econômica nacional, embora se apresente maduro para sua completa e definitiva eclosão, se mostra incapaz de chegar a termo e se debate em contradições que não consegue superar. Das contradições que no passado solapavam a economia brasileira, passamos a outras de natureza diferente, mas nem por isso menos graves. Essas contradições se manifestam sobretudo, e agudamente, como vimos, na permanência, e até no agravamento da tendência ao desequilíbrio de nossas contas externas, embora apresentando-se agora sob novas formas, e implicando diretamente a ação imperialista. São as nossas relações financeiras com o sistema internacional do capitalismo – e nisso se distingue a nossa situação atual da do passado – que comandam o mecanismo das contas externas do país. Não são mais unicamente as vicissitudes da exportação brasileira, como ocorria anteriormente, que determinam o estado daquelas contas. E sim sobretudo e decisivamente os fluxos de capitais controlados do exterior e que sob diversas formas (inversões, financiamentos, empréstimos, amortizações, rendimentos etc.) se fazem num e noutro sentido em função dos interesses da finança internacional. Ou por fatores de ordem política que em última instância também se orientam por aqueles interesses”.
PRADO, Jr. Caio. A revolução brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1966.  

A
O Japão, cuja posição de segunda economia do mundo esteve ameaçada pelo desenvolvimento da China, garantiu a vantagem comparativa no mercado mundial ao estabelecer o modelo fordista como forma de organização do trabalho, enquanto a 7 produção chinesa mantém o modelo toyotista.
B
Os países de economia semiperiférica (conhecidos em conjunto como BRIC) e a África do Sul apresentaram taxas semelhantes de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), em parte devido ao aumento do controle estatal do investimento produtivo que se expressa, por exemplo, nas estatais chinesas e na exploração do pré-sal brasileiro.
C
Resultou na crise de 2008, com efeitos devastadores nos níveis de emprego europeu, como demonstram os casos da Grécia e da Irlanda, mas que não chegaram a afetar significativamente a oferta de vagas nos países africanos e sul-americanos, que mantiveram a taxa de crescimento.
D
Reduziu, nos investimentos diretos no exterior (medida pelo montante de capital exportado), a disparidade entre os países centrais, periféricos e semiperiféricos, o que contribuiu para uma maior uniformização dos padrões tecnológicos da produção industrial global.
E
A China tem investido no setor petrolífero de países da África subsaariana, dando vazão à massa de capital disponível para investimentos oriunda da expansão industrial e como meio de suprir as crescentes necessidades energéticas do país.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: globalização financeira e investimentos internacionais — especialmente a expansão do capital chinês na África para garantir recursos energéticos e empregar a massa de capital resultante da industrialização.

Resumo teórico (síntese didática): a partir das décadas finais do século XX houve aumento da mobilidade internacional de capitais (FDI, empréstimos, portfólio). Países semiperiféricos modernizam suas exportações, mas mantêm relações assimétricas com centros financeiros. A China, com excedente de poupança e necessidade de segurança energética, canaliza investimentos diretos para o setor petrolífero em países da África subsaariana — estratégia documentada por UNCTAD (World Investment Report) e estudos do IMF/CEPAL sobre investimento chinês e segurança energética.

Por que a alternativa E está correta: ela descreve um fenômeno comprovado — empresas estatais e privadas chinesas (ex.: CNPC, CNOOC, Sinopec) investem em petróleo africano para garantir suprimento energético e empregar capital exportado da rápida expansão industrial chinesa. Esses fluxos explicam parte da internacionalização do capital chinês e sua presença crescente na África subsaariana.

Análise das alternativas incorretas:

  • A — Errada: inverte a realidade histórica: Japão desenvolveu práticas toyotistas (lean production); China mistura modelos e escalas massivas — não cabe a afirmação simplista de fordismo japonês versus toyotismo chinês.
  • B — Errada: BRIC não inclui uniformidade de crescimento; China cresceu muito mais rápido e o papel estatal varia. A ideia de taxas semelhantes e mesma causa (controle estatal) é imprecisa — o pré‑sal brasileiro e estatais chinesas não geraram padrões iguais.
  • C — Errada: a crise de 2008 afetou profundamente economias periféricas via comércio e fluxos financeiros; muitos países sul‑americanos/africanos sofreram desaceleração e queda de emprego/receitas, logo não é correto afirmar que não houve impacto significativo.
  • D — Errada: apesar do aumento do IDE global, a disparidade persiste: capital e tecnologia continuam concentrados; uniformização tecnológica é limitada e desigual.

Dica de prova: ao ver alternativas sobre globalização, busque atores concretos (empresas estatais, BRICS, UNCTAD/IMF) e conecte fluxo de capital a objetivos estratégicos (recursos, mercados, segurança energética).

Fontes úteis: UNCTAD — World Investment Report; relatórios do IMF sobre fluxos de capital; estudos da CEPAL sobre integração e dependência.

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