Moscas podem dizer onde, quando e como uma pessoa morreu.

As moscas são as principais estrelas de uma área relativamente nova no Brasil, a entomologia forense. ... A presença de insetos necrófagos em um cadáver pode dar pistas valiosas sobre a hora da morte ou o local do crime...

(Insetos Criminalistas. Unesp Ciência, setembro de 2009. Adaptado.)

Três crimes foram cometidos, e os cadáveres foram encontrados pela polícia no mesmo dia. Assim que encontrados, sobre eles foram obtidas as seguintes informações:

Crime 1

O cadáver foi encontrado na zona rural, apresentava larvas, mas não ovos, de uma espécie de mosca que só ocorre na zona urbana. Apresentava também ovos e larvas de uma espécie de mosca típica da zona rural. No solo ao redor do cadáver, não havia pupas dessas espécies.

Crime 2

O cadáver foi encontrado na zona urbana, em um matagal. No corpo havia ovos e larvas de moscas comuns na região, e pupas estavam presentes no solo ao redor do cadáver.

Crime 3

O cadáver foi encontrado na zona urbana, em área residencial, em um terreno pavimentado. Sobre o cadáver, moscas e baratas, poucos ovos, mas nenhuma larva encontrada.

A partir dos dados disponíveis sobre esses três crimes, e considerando-se que nos três casos as moscas apresentam ciclos de vida de mesma duração, pode-se dizer que, mais provavelmente,

Alternativa correta: D

Tema central: entomologia forense — uso do ciclo de vida de insetos necrofágos (ovos → larva → pupa → adulto) para estimar tempo e local da morte. A presença relativa de ovos, larvas e pupas no corpo e no entorno indica há quanto tempo o cadáver está no local e se foi movido.

Resumo teórico (essencial e prático):

Ovos indicam colonização recente; larvas mostram que a colonização progrediu alguns dias; pupas no solo indicam que houve tempo suficiente para completar estágios larvais e entrar em pupação no mesmo local. Espécies com distribuição urbana/rural permitem inferir local de oviposição. (Fontes: Catts & Goff; Byrd & Castner; divulgação científica UNESP.)

Justificativa da alternativa D:

Crime 2: ovos, larvas e pupas no solo ao redor → ciclo completo ocorreu no local → corpo esteve ali por vários dias → ocorreu antes do encontro e antes dos outros crimes.

Crime 1: presença de larvas de espécie urbana (sem ovos) + ovos e larvas de espécie rural, e sem pupas no solo → indica que parte da colonização (espécie urbana) começou em área urbana e o cadáver foi movido para a zona rural antes de completar pupação; a ausência de pupas local sugere permanência recente no local de encontro (dias, não muitos).

Crime 3: poucos ovos, nenhum estágio larval, terreno pavimentado → ambiente desfavorável para desenvolvimento (sem solo) e colonização muito recente (horas). Logo, crime 3 é o mais recente.

Assim, cronologia: Crime 2 (mais antigo, vários dias) → Crime 1 (em dia(s) seguintes) → Crime 3 (mais recente). Isso corresponde à alternativa D.

Análise breve das alternativas incorretas:

A: incorreta — afirma que crime 1 permaneceu no local ≤1 dia; mas há larvas de espécies (urbanas e rurais), o que indica tempo maior que poucas horas e movimentação complexa.

B: incorreta — diz que 2 e 3 foram no mesmo dia; mas crime 2 tem pupas (muitos dias), não compatível com crime 3 (horas).

C: incorreta — junta crime 1 e 3 no mesmo dia; porém 1 tem larvas (mais tempo) e 3 tem apenas ovos (tempo bem menor).

E: incorreta — afirma que crime 3 foi cometida em matagal e depois movida; mas em terreno pavimentado não houve desenvolvimento (poucos ovos, sem larvas), mais plausível que o crime ocorreu ali ou que o corpo foi levado muito pouco tempo antes do encontro, não dias.

Dica de prova: identifique primeiro presença/ausência de ovos, larvas e pupas; depois combine com distribuição ecológica das espécies e tipo de substrato (solo vs pavimento) para ordenar temporalmente os eventos.

Fontes recomendadas: Catts & Goff (forensic entomology reviews), Byrd & Castner — Forensic Entomology; artigo de divulgação UNESP sobre insetos criminalistas.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!