É possível reconhecer que o novo ciclo de expansão mundial do capitalismo abala radicalmente os projetos econômicos nacionais. Criam-se estruturas mundiais de poder, dada a sua influência não só na economia, mas também na política e cultura. Surgem mecanismos econômicos que atuam além das fronteiras do país de origem. Sua característica mais importante alicerça-se na abrangência global de seu funcionamento, pois atua na economia numa escala internacional, portanto, além das fronteiras nacionais. Elas interferem no processo produtivo – criando a produção dos componentes de um determinado produto, por exemplo, um aparelho eletrônico, como resultante da fabricação e montagem em fábricas que poderão estar situadas nos mais diversos países, ou mesmo continentes. Seus centros de decisões financeiros situam-se no país sede, embora tenham instalações espalhadas pelo mundo.

(Octavio Ianni. Capitalismo, violência e terrorismo, 2004. Adaptado.)

O texto refere-se:

Resposta: Alternativa E — às empresas transnacionais

Tema central: a questão trata da atuação de organizações econômicas que operam globalmente, com deslocalização da produção, centros decisórios no país‑sede e influência econômica, política e cultural além das fronteiras nacionais. Esse é um tópico clássico de Geografia Econômica sobre integração produtiva internacional e cadeias globais de valor.

Resumo teórico (claro e progressivo):

- Empresas transnacionais (ETNs/TNCs) são corporações que possuem filiais, fábricas ou escritórios em vários países, mantendo o centro decisório no país‑sede. Elas organizam produção fragmentada internacionalmente e moldam cadeias de valor globais (ver: literatura sobre cadeias globais de valor e relatórios da UNCTAD).

- Características-chave: atuação em escala internacional; comando financeiro centralizado; descentralização operacional; influência sobre políticas e cultura econômica; fragmentação da produção (componentes fabricados em locais diferentes).

Por que a alternativa E é correta:

O enunciado menciona explicitamente: funcionamento além das fronteiras nacionais, centros de decisões no país‑sede, instalações espalhadas pelo mundo e produção fragmentada de componentes — descritores típicos de empresas transnacionais. Esses traços não se aplicam a empresas puramente nacionais nem a conceitos técnicos como tecnopolo.

Análise das alternativas incorretas:

- A (indústria pesada): refere‑se a ramos como metalurgia ou siderurgia, classificados por tipo de produção, não por escala geográfica ou controle financeiro internacional — portanto insuficiente.

- B (indústria de processamento e beneficiamento): descreve um tipo de atividade industrial, normalmente localizada e setorial, sem implicar comando global ou filiais mundiais.

- C (tecnopolo): é um aglomerado regional de alta tecnologia e inovação (parque tecnológico), ligado a P&D e à concentração local, não a estruturas multinacionais com centros decisórios externos.

- D (empresas nacionais): possuem controle e decisões concentradas dentro do país; o texto destaca decisão no país‑sede e atuação em vários países — característica contrária às nacionais.

Dica de prova (estratégia de interpretação): busque no enunciado palavras‑chave como "além das fronteiras", "centros de decisões financeiros", "instalações espalhadas pelo mundo", "produção de componentes em diversos países". Elas indicam organização transnacional e decisam a escolha correta.

Fontes/Referências rápidas: Octavio Ianni (Capitalismo, violência e terrorismo, 2004) — conceito citado no enunciado; definições e relatórios sobre investimento e empresas transnacionais: UNCTAD — World Investment Report; literatura clássica de Geografia Econômica sobre cadeias globais de valor.

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