Vanguardas europeias: origem, características e principais obras

As vanguardas europeias foram movimentos artísticos e escolas literárias que surgiram na Europa, no começo do século XX. Esse era um contexto histórico de progresso científico, crescimento industrial, e de tensões políticas. As vanguardas foram importantes para o rompimento com as convenções e a descoberta de possibilidades artísticas.

As mais importantes vanguardas foram: Expressionismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo.

Contexto histórico das Vanguardas Europeias

No início do século XX, a Segunda Revolução Industrial (1850 - 1945) proporcionou grande desenvolvimento urbano e tecnológico na Europa. Foi um período de descobertas e inovações, com o surgimento do avião, do cinema, da Psicanálise, e da Teoria da Relatividade.

Havia otimismo sobre a possibilidade do avanço científico ser utilizado para o bem da humanidade. Entretanto, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) evidenciou que o progresso da ciência não seria suficiente para resolver os males da sociedade.

Diante dessas mudanças sociais, muitos artistas acharam que as convenções artísticas estabelecidas pela Academia estavam ultrapassadas e decidiram quebrar regras sobre o que deveria ser esperado nas artes. Assim, surgiram as vanguardas.

Quais foram as Vanguardas Europeias

Expressionismo

O Manifesto Expressionista foi lançado em 1918 pelo escritor Kasimir Edschmid. A proposta da vanguarda expressionista era, conforme revela seu nome, priorizar a expressão da subjetividade do artista. Ela foi influenciada pelos horrores experienciados durante a Primeira Guerra Mundial.

A arte expressionista se caracteriza pelos seguintes aspectos:

• Distorção da realidade pelas lentes da subjetividade.
• Foco no mundo interior do indivíduo, principalmente em sentimentos como sofrimento, medo, solidão.
• Pessimismo.
• Na pintura, uso de cores fortes e contrastantes.
• Na escrita, linguagem abstrata e metafórica.

Os principais representantes do expressionismo foram os pintores Edvard Munch (O Grito), e Van Gogh (Noite Estrelada Sobre o Ródano). Destacam-se também os trabalhos do grupo expressionista alemão Die Brücke, composto por Ernst Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-Rottluff.

No Brasil, a influência do expressionismo está presente em obras como a pintura Retirantes de Cândido Portinari.

Cubismo

O Manifesto Cubista foi lançado pelo escritor Guillaume Apollinaire em 1913, mas essa vanguarda tinha sido inaugurada mais cedo com a pintura Les Demoiselles d’Avignon (1907) de Pablo Picasso. O cubismo surgiu, pois as mudanças na sociedade europeia levaram a questionamentos sobre os parâmetros estabelecidos da Arte e um desejo de rompimento com a Academia.

A arte cubista se caracteriza pelos seguintes aspectos:

• Rejeição dos conceitos artísticos tradicionais de perspectiva, harmonia e proporção.
• Rejeição da arte como imitação da natureza.
• Representação da realidade através de formas geométricas.
• Apresentação dos diferentes pontos de vista pelos quais um objeto pode ser observado.
• Na escrita, uso de versos livres e fragmentados. Sobreposição de imagens com diferentes pontos de vista.

Alguns exemplos de obras cubistas seriam Homem com Guitarra de Georges Braque, A Janela Aberta de Juan Gris e Os Construtores de Fernand Léger.

Podemos ver a influência do cubismo no modernismo brasileiro em obras como a pintura Composição Cubista de Anita Malfatti.

Futurismo

O Manifesto Futurista foi lançado pelo escritor Filippo Marinetti em 1909. A proposta dessa vanguarda era de uma arte que rompesse com a tradição e exaltasse a modernidade. O futurismo foi influenciado pelo contexto de inovação tecnológica e desenvolvimento industrial do começo do século XX. A popularização de automóveis e o surgimento do avião também trouxe aos artistas desse movimento um apreço pela velocidade.

Muitos adeptos do futurismo eram simpatizantes do militarismo e do fascismo.

A arte futurista se caracteriza pelos seguintes aspectos:

• Apreço pela inovação tecnológica e pelo desenvolvimento industrial.
• Rejeição ao passado, entusiasmo com o progresso.
• Militarismo, exaltação à guerra.
• Dinamismo e apreço à energia e velocidade.
• Na escrita, uso de símbolos matemáticos e musicais, de onomatopeias, e de frases fragmentadas para dar a ideia de velocidade.

Alguns exemplos de obras futuristas são Velocidade de um Automóvel de Giacomo Balla, Elasticidade de Umberto Boccioni, O Cavaleiro Vermelho de Carlo Carrà, Dinamismo de um Automóvel de Luigi Russolo e Lanceiros de Gino Severini.

No Brasil, o futurismo influenciou a obra Pauliceia Desvairada de Mário de Andrade, porém o poeta não se identificava como futurista por ser crítico à ideologia fascista do seu fundador.

Dadaísmo

Após a Primeira Guerra Mundial causar desilusão àqueles que acreditavam que a modernidade traria dias melhores para a humanidade, houveram artistas que começaram a se questionar qual era o papel e o sentido da arte em um mundo absurdo, que permitia atrocidades. Motivado por esse sentimento de decepção, o Manifesto Dadaísta foi lançado por Tristan Tzara em 1918, propondo uma Anti-Arte.

A arte dadaísta se caracteriza pelos seguintes aspectos:

• Humor provocador e irônico.
• Absurdismo e irracionalidade.
• Arte espontânea, sem preocupação com o sentido.

Alguns exemplos de arte dadaísta são o poema Birimbalbalball de Hugo Ball e a pintura Homem Bigode Umbigo de Hans Arp.

No Brasil, a influência dadaísta pode ser vista no poema Ode ao Burguês (1922) de Mário de Andrade.

Surrealismo

O Manifesto Surrealista foi lançado pelo escritor André Breton em 1924. Esse manifesto propôs uma arte que rejeitasse as limitações do realismo e buscasse algo que estivesse acima disso. O surrealismo foi influenciado principalmente pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud sobre o subconsciente.

A arte surrealista se caracteriza pelos seguintes aspectos:

• Expressão do inconsciente através do desenho/escrita automática. Essa técnica consistia em desenhar/escrever espontaneamente tudo o que viesse à mente do artista/escritor.
• Representações dos sonhos, da fantasia.
• Rejeição ao racionalismo.

O nome mais importante dessa vanguarda é Salvador Dali, conhecido pelo seu quadro Persistência da Memória (1931). Outros artistas influentes do surrealismo foram Giorgio de Chirico, Marx Ernst, Joan Miró e René Magritte.

No Brasil, o surrealismo influenciou principalmente as artes plásticas do Modernismo. Alguns exemplos de pinturas surrealistas brasileiras seriam Abaporu de Tarsila do Amaral, O Sonho da Prostituta de Cícero Dias e Composição Surrealista de Ismael Nery.

Na literatura, Oswald de Andrade foi um dos autores brasileiros a reconhecer a influência do surrealismo.

Vanguardas Europeias no ENEM

No ENEM, é necessário que o estudante compreenda quais eram os propósitos e características das obras vanguardistas e como elas estavam inseridas no seu contexto sócio histórico.

ENEM 2011

PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 X 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937.

Disponível em: http://www.fddreis.files.wordpress.com. Acesso em: 26 jul. 2010.

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo:

A) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador.

B) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano.

C) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica.

D) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.

E) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica livre de sentimentalismo.