Segundo Reinado: fases, política e economia
Publicado em: 02/12/2022Hoje iremos compreender o que foi o Segundo Reinado, um dos assuntos de história mais recorrentes no ENEM. O Segundo Reinado foi o governo mais longo da história do Brasil, indo de 1840 até 1889. Se iniciou em um cenário tumultuado, com o Golpe da Maioridade e a ascensão antecipada de D. Pedro II ao trono, mas progrediu com um reinado de quase meio século. Iremos entender também as dinâmicas políticas e econômicas do Império do Brasil, a questão da escravatura no país, conflitos externos que o Brasil se envolveu no período (Guerra do Paraguai e a Questão Christie) e também o declínio do governo imperial.
Segundo Reinado
O Segundo Reinado é um momento longo e diversificado, com períodos distintos. Podemos dividi-lo em um momento de consolidação de D. Pedro II, de 1840 até 1850, um período de auge, entre 1850 e 1870, com crescimento econômico e estabilidade interna, e o seu declínio, entre 1870 e 1889, com o fim da Guerra do Paraguai e a ascensão de questões militares, religiosas e abolicionistas.
Política do Segundo Reinado
A ascensão de D. Pedro II é marcada por uma trama política, o Golpe da Maioridade. Com 15 anos incompletos, Pedro de Alcântara foi alçado à condição de imperador pelos políticos brasileiros, com a aprovação de uma mudança na maioridade do mesmo.
Outras características marcantes da política imperial eram a divisão bipartidária que predominava, os partidos Liberal e Conservador, e o Parlamentarismo às Avessas, onde o imperador, se utilizando do Poder Moderador, controlava a política nacional.
Economia do Segundo Reinado
A economia do Segundo Reinado era, majoritariamente, agrária e voltada para a exportação. É nesse momento que desponta um produto importante para a economia brasileira: o café. Além disso, o Brasil também passou por uma modernização no setor de transportes, com o surgimento das primeiras ferrovias. A produção industrial também cresceu, com a Tarifa Alves Branco. O Brasil também passou por um intenso processo de imigração, principalmente de pessoas vindas da Europa e da Ásia, que foram integrados à mão-de-obra do país. Europeus eram os mais desejados pelo governo, com uma política de branqueamento da população.
Abolição da Escravatura
Um dos debates mais presentes quando se fala de Segundo Reinado é a escravidão. Mesmo com a pressão inglesa advinda do Bill Aberdeen, que levou à Lei Eusébio de Queirós, o Brasil continuava a ter escravidão. Entre as reivindicações populares da população negra brasileira, como as greves comandadas por Dragão do Mar e Preta Simoa no Ceará e a atuação de pessoas como o advogado Luís Gama e o jornalista José do Patrocínio, o temor da elite branca de uma revolução, além da pressão econômica, aos poucos o governo brasileiro foi cedendo e criando leis que diminuíam a escravidão: Lei do Ventre Livre (1871), Lei dos Sexagenários (1885).
Apenas em 1888, com a Lei Áurea promulgada pela Princesa Isabel, a escravidão tinha fim.
Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito da história do Brasil e da América do Sul. Os desejos expansionistas do presidente do Paraguai, Solano López, as questões políticas internas na Argentina e no Uruguai e as disputas pelo controle das águas da Bacia do Prata levaram Brasil, Argentina e Uruguai a formar a Tríplice Aliança, em oposição aos anseios do ditador paraguaio.
Se vendo acuado perante as mudanças políticas recentes, o Paraguai ataca, iniciando assim o maior conflito do continente, que durou de 1865 até 1870. A guerra se desenrola pelos rios da Bacia do Prata, de vital importância para a economia paraguaia, e também por terra, com a Conquista de Assunção pelas tropas brasileiras e a caça à Solano López, findada com a morte do mesmo na Batalha de Cerro Corá.
A guerra destroçou o Paraguai, onde o extermínio populacional causado pelo Brasil causou um dano demográfico e econômico difícil de ser superado. Do lado brasileiro, mais de 50 mil mortos, endividamento, fortalecimento do exército e das causas republicanas e abolicionistas, já que muitos escravizados lutaram pelo exército brasileiro.
Questão Christie
A Questão Christie foi um dos mais graves incidentes diplomáticos da história do Brasil. Àquela altura, o Reino Unido era a maior potência global e também tinha uma presença importante na economia brasileira. Dois incidentes causaram atritos entre o Império do Brasil e o Império Britânico. O primeiro, em 1861, foi o naufrágio e posterior saque do navio britânico Prince of Wales, na costa do Rio Grande do Sul. O segundo, em 1862, foi a prisão de 3 marinheiros britânicos no Rio de Janeiro. O embaixador inglês no Brasil, William Dougal Christie, exigia o reembolso da carga do Prince of Wales, a demissão dos policiais brasileiros que prenderam os marinheiros britânicos e um pedido formal de desculpas do governo brasileiro. Os atritos levaram ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois impérios. Apenas em 1865 a Inglaterra pediu desculpas pelos incidentes, o que fortaleceu a imagem do Brasil no exterior.
Fim da Monarquia
A imagem da monarquia começa a entrar em decadência a partir dos anos 1870. Três questões foram importantes para o fim do Império do Brasil: a questão militar, resultado de um maior desejo de participação dos militares na política nacional, além de membros importantes desse setor serem abolicionistas e republicanos; a questão religiosa, envolvendo a maçonaria e a prisão dos bispos de Olinda e Belém; e a questão escravista, com movimentos abolicionistas ganhando força e pressionando pelo fim da escravidão. A junção desses três fatores levou a um golpe militar, ocorrido em 15 de novembro de 1889 e liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, depondo D. Pedro II do trono e implantando uma república.
Segundo Reinado no ENEM
O Segundo Reinado é um tema recorrente no ENEM. Onde os principais assuntos envolvem a questão da escravidão e abolição da mesma, questões raciais no Brasil Império, disputas politicas no Império e também sobre a formação da nacionalidade brasileira.
Exercícios
Escravo fugido No dia 8 de Outubro do anno proximo passado fugio da fazenda do Bom Retiro, propriedade do dr. Francisco Antonio de Araújo, o escravo José, pardo claro, de 22 annos de idade, estatura regular, cheio de corpo, com a falta de um dente na frente do lado superior, cabellos avermelhados, orelha roxa, falla macia, e andar vagaroso. Intitula-se forro, e quando fugio a primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary. Quem o aprehender e entregar ao seu senhor no Amparo, ou o recolher a cadêa em qualquer parte será bem gratificado, e protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o ac outar. 15 - 13
Escravo fugido. Jornal Correio Paulistano, 13 de abril de 1879. Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2019 (adaptado).
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência escrava apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.
d) Regularização das ações remuneradas.
e) Constituição de economia de subsistência.