Segunda Lei de Mendel: o que é
Publicado em: 23/09/2022A segunda lei de Mendel é uma extensão da primeira. Nela, Mendel analisa a herança de características diferentes e indica que a segregação de fatores para características diferentes é independente, ou seja, a herança de um traço não influencia na herança de outro. Por este motivo, a segunda lei é referida como Lei da segregação independente dos fatores.
O experimento de Mendel e a Primeira Lei
Nos experimentos que levaram à primeira lei, Mendel analisou os cruzamentos de ervilha para uma característica isoladamente (textura da semente, cor da casca etc) e comprovou a lei da segregação.
Para tanto, Mendel realizou cruzamentos entre linhagens parentais para dois fenótipos distintos (semente lisa x semente rugosa; semente amarela x semente verde etc) e sempre obteve uma F1 com plantas apenas de um fenótipo, que ele chamou de fenótipo dominante. Posteriormente, Mendel cruzou plantas desta F1 e obteve uma F2 com três quartos de plantas com o fenótipo dominante e um quarto com o fenótipo recessivo.
Por fim, o pesquisador propôs a existência de dois fatores em cada indivíduo e que tais fatores se separam durante a formação dos gametas. Esta conclusão é conhecida como primeira lei de Mendel ou Lei da segregação dos fatores.
A Segunda Lei de Mendel
A Segunda lei de Mendel é uma continuidade da primeira, pois Mendel analisou duas variedades diferentes. Nos experimentos, Mendel cruzou plantas puras para duas características distintas.
Por exemplo, semente amarela e de casca lisa x semente verde de casca rugosa. Destes cruzamentos, o pesquisador obteve plantas que produziam sementes apenas com os fenótipos dominantes. Ou seja, a F1 é composta por plantas 100% com sementes amarelas e de casca rugosa.
Por fim, quando Mendel deixou que as plantas dessa F1 se autofecundassem, ele obteve uma F2 com quatro fenótipos combinados: semente (1) amarelas e lisas; (2) amarelas e rugosas; (3) verdes e lisas; (4) verdes e rugosas.
A presença destes quatro fenótipos combinados comprova a chamada segregação independente dos fatores e indica que a herança de um traço não está relacionada à herança de outro. O interessante dos resultados da segunda lei de Mendel é que os fenótipos obtidos na F2 apareceram na proporção de 9 amarelas e lisas, 3 amarelas e rugosas, 3 verdes e lisas e 1 verdes e rugosas. 9:3:3:1 é a proporção típica da lei da segregação independente.
A proporção 9:3:3:1 pode ser explicada do seguinte modo. Sendo a geração parental AARR x aarr, estes indivíduos só produzem um tipo de gameta: AR e ar respectivamente. Assim, a F1 será composta por indivíduos 100% AaRr. A autofecundação de F1 corresponde a um cruzamento do tipo AaRr x AaRr e estes indivíduos produzem, de acordo com a segregação independente, quatro tipos de gametas cada um. São eles: AR, Aa, aR e ar.
Portanto, um cruzamento AaRr x AaRr produzirá 16 genótipos como mostrado no quadro.
Gametas | AR | Ar | aR | ar |
---|---|---|---|---|
AR | AARR | AARr | AaRR | AaRr |
Ar | AARr | AArr | AaRr | Aarr |
aR | AaRR | AaRr | aaRR | aaRr |
ar | AaRr | Aarr | aaRr | aarr |
Neste quadro, temos 9/16 fenótipos amarelos e lisos, 3/16 amarelos e rugosos, 3/16 verdes e lisos e 1/16 verde e rugoso. Foi com estes dados que Mendel estabeleceu o que a lei da segregação independente mostrando que herança de dois traços distintos não está relacionada.
Segunda Lei de Mendel no Enem
No ENEM, a segunda lei de Mendel já foi abordada relacionada à meiose. Com a descoberta das movimentações que os cromossomos fazem durante este tipo de divisão celular, chegou-se às bases celulares da segunda lei de Mendel. É importante saber que cada indivíduo diplóide possui um par de cada tipo de cromossomo, ou seja, possui dois cromossomos tipo 1, dois tipo 2 e etc. Durante a meiose, estes pares de cromossomos são separados (segregados) em dois conjuntos com a metade do número de cromossomos original.
Se associarmos as conclusões das leis de Mendel à meiose, temos que os fatores mendelianos estão nos cromossomos e que a segregação é a separação destes fatores. Por fim, se estes fatores estiverem em cromossomos diferentes, a segregação deles também será independente. A exceção a este princípio da segregação independente só ocorre quando genes estão posicionados no mesmo cromossomo.
Veja este item:
ENEM 2019
Com base nos experimentos de plantas de Mendel, foram estabelecidos três princípios básicos, que são conhecidos como leis da uniformidade, segregação e distribuição independente. A lei da distribuição independente refere-se ao fato de que os membros de pares diferentes de genes segregam-se independentemente, uns dos outros, para a prole.
TURNPENNY, P. D. Genética médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009 (adaptado).
Hoje, sabe-se que isso nem sempre é verdade. Por quê?
A) A distribuição depende do caráter de dominância ou recessividade do gene.
B) Os organismos nem sempre herdam cada um dos genes de cada um dos genitores.
C) As alterações cromossômicas podem levar a falhas na segregação durante a meiose.
D) Os genes localizados fisicamente próximos no mesmo cromossomo tendem a ser herdados juntos.
E) O cromossomo que contém dois determinados genes pode não sofrer a disjunção na primeira fase da meiose.
Outra abordagem comum é diretamente sobre os experimentos mendelianos, com enfoque no trabalho científico feito pelo pesquisador.
ENEM 2018
Gregor Mendel, no século XIX, investigou os mecanismos da herança genética observando algumas características de plantas de ervilha, como a produção de sementes lisas (dominante) ou rugosas (recessiva), característica determinada por um par de alelos com dominância completa. Ele acreditava que a herança era transmitida por fatores que, mesmo não percebidos nas características visíveis (fenótipo) de plantas híbridas (resultantes de cruzamentos de linhagens puras), estariam presentes e se manifestariam em gerações futuras.
A autofecundação que fornece dados para corroborar a ideia da transmissão dos fatores idealizada por Mendel ocorre entre plantas:
A) híbridas, de fenótipo dominante, que produzem apenas sementes lisas.
B) híbridas, de fenótipo dominante, que produzem sementes lisas e rugosas.
C) de linhagem pura, de fenótipo dominante, que produzem apenas sementes lisas.
D) de linhagem pura, de fenótipo recessivo, que produzem sementes lisas e rugosas.
E) de linhagem pura, de fenótipo recessivo, que produzem apenas sementes rugosas.