Renascimento: o que foi, características e principais obras
Publicado em: 31/03/2023O Renascimento foi um período de florescimento cultural, artístico e político na Europa entre os séculos XIV e XVII. Teve como epicentro as cidades mercantis italianas, como Florença, Veneza, Pisa e Gênova, mas se estendeu não só por toda a Itália como também para grandes centros do continente europeu.
Surgido a partir do comércio entre o Oriente e o Ocidente, o Renascimento modificou sensivelmente a vida medieval na Europa, até então predominantemente rural e centrada nos feudos.
As Cruzadas tiveram um papel fundamental no comércio. A partir delas, um rico e intenso comércio entre o Ocidente e o Oriente surgiu para suprir a demanda europeia pelos produtos orientais. Essas trocas comerciais levam ao crescimento das cidades europeias, que desde o fim da Antiguidade resumiam-se a pequenos aglomerados urbanos.
A burguesia, classe social especializada no comércio e que acumulou grandes fortunas através disso, controlava as rotas comerciais entre o Ocidente e o Oriente, ganhando somas consideráveis de dinheiro e aumentando sua influência na vida social das grandes cidades, querendo tornar-se um ator importante no cotidiano.
Ao mesmo tempo, o intercâmbio entre Europa e Mundo Árabe e a circulação de informações advindas da agitada vida comercial dos grandes centros incentivava diversas pessoas à produção científica, artística e cultural, em um misto de inspiração em movimentos clássicos greco-romanos, tidos como ápice da cultura europeia até então e que deveria ser renascido (daí o nome do movimento), e influências modernas advinda do contato com outros povos, como os árabes.
É nesse contexto de ressurgimento do comércio pelo Mediterrâneo, crescimento das cidades e da vida urbana, contato com outros povos, fortalecimento da burguesia, inspiração na cultura clássica europeia e convicção na capacidade racional humana que surge o Renascimento.
Características do Renascimento
O movimento renascentista foi abrangente, influenciando a arte, a literatura e as ciências do período. Seus traços e suas características tornaram-se presentes, em maior ou menor grau, em quase todas as obras produzidas na Europa Ocidental nesse período.
Nas artes, as pinturas e esculturas passaram a retratar os seres humanos com precisão de detalhes há muito tempo não vistos no continente europeu: precisão nas medidas, nos músculos, exaltação do nu humano. Algo comparado somente ao que fizeram os gregos e romanos na Antiguidade, sendo esses dois povos a principal fonte de inspiração dos renascentistas.
Na literatura, as línguas vernáculas ganham força e passam a ser valorizadas. Onde antes apenas o Latim, língua litúrgica da Igreja Católica, era valorizado e apreciado, agora as línguas locais, usadas no cotidiano, ganham força e passam a ser as principais línguas escritas. Além disso as obras são dotadas de mais sensações humanas, a alegria, o choro, a ira, os prazeres carnais e terrenos passam a fazer parte dos livros.
Na ciência e filosofia, a exaltação da racionalidade humana incentiva o questionamento. Questionamento esse que se envereda para a busca sobre o entendimento do funcionamento do planeta e do universo, com Copérnico, como também sobre as relações humanas no campo da política, com Nicolau Maquiavel, e da religião, com Erasmo de Roterdã.
Humanismo e Classicismo
Humanismo e Classicismo foram as duas principais características do Renascimento.
O Humanismo é a exaltação ao ser humano, suas qualidades e a tudo aquilo associado a ele. O ser humano passa, no período do Renascimento, a ser visto como um ator importante e que deve ser celebrado, característica marcante ainda hoje no pensamento ocidental. Leonardo da Vinci é a principal referência humanista.
Já o Classicismo refere-se à exaltação da arte greco-romana, vista pelos renascentistas como uma arte bela e que exaltava o ser humano. Além de servir como inspiração para a maneira de fazer arte, com a exaltação do corpo humano, também servia de inspiração para referências nas obras, onde seres da mitologia greco-romana não apenas estavam presentes como, quando não estavam, serviam de inspiração para outros seres, como Deus na obra A Criação de Adão, de Michelangelo.
A burguesia e os Mecenas
Havia uma necessidade de financiamento para esses artistas produzirem, dinheiro esse que veio da burguesia por meio do mecenato, uma espécie de patrocínio para que o artista fizesse uma determinada obra para o burguês. A vontade burguesa de financiar vinha da sua própria necessidade de autoafirmação perante a sociedade urbana europeia, onde o burguês, apesar de possuir dinheiro, não possuía privilégios legais, não era da nobreza (sendo muitas vezes visto com desdém pela mesma) mas que queria ser visto como um ator importante e influente no cotidiano dessas cidades.
Esses novos artistas e intelectuais possuem outra visão de mundo, mais distante da tradicional visão medieval onde a religião ocupa o centro de qualquer ação humana. Eles entendem que o ser humano é um ator importante no mundo, executor da sua própria vida a partir do livre-arbítrio, dotado de racionalidade e, portanto, também um ser que deve arcar com as consequências de seus atos.
Essa nova visão vai ser determinante no tipo de obras a serem feitas pelos mesmos, com o ser humano no centro, chegando a confrontar em alguns momentos dogmas e doutrinas importantes da Igreja Católica, instituição milenar que, até aquele momento, se colocava como detentora do conhecimento ao qual o fiel deveria seguir, sem questionamentos.
Apesar de não ser um movimento que promove uma cisão completa com a Igreja Católica, algumas de suas características não agradavam a Igreja. Mesmo assim, a Igreja chegou a financiar vários artistas do período renascentista para obras religiosas, sendo também uma mecenas.
Principais obras
Dentro da enorme produção cultural do período renascentista, algumas obras são tidas como referência.
Uma delas é a Monalisa, de Leonardo da Vinci. Pintura que retrata uma mulher em meio a uma paisagem. De cabelos ondulados, sorriso tímido e olhar penetrante, essa obra é a mais conhecida no Mundo Ocidental.
A escultura de Davi também entra no rol de principais obras. Retrata o herói bíblico Davi, de maneira imponente e completamente nu, com uma precisão anatômica impressionante.
Na literatura, a Divina Comédia, de Dante Alighieri, é a obra mais lembrada do período. Escrita no dialeto Toscano, a obra poética retrata o próprio Dante passando pelo Inferno, Purgatório, até chegar no Paraíso, onde se encontra sua amada Beatriz. A obra é carregada de sátiras e ironias acerca de figuras importantes, reais e imaginárias.
Renascimento no ENEM
O Renascimento cai ocasionalmente no ENEM, normalmente questionando sobre algumas características do movimento.
ENEM 2020 Digital
Sempre que se evoca o tema do Renascimento, a imagem que imediatamente nos vem à mente é a dos grandes artistas plásticos e de suas obras mais famosas, amplamente reproduzidas e difundidas até os nossos dias, como a Monalisa e a Última ceia, de Leonardo da Vinci, o Juízo final, a Pietá e o Moisés, de Michelangelo, assim como as inúmeras e suaves Madonas, de Rafael, que permanecem ainda como modelo mais frequente de representação da mãe de Cristo. Como veremos, de fato, as artes plásticas acabaram se convertendo num centro de convergência de todas as principais tendências da cultura renascentista.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Atual, 1988 (adaptado).
Esse movimento cultural, inserido no processo de transição da modernidade europeia, caracterizou-se pela:
a) validação da teoria geocêntrica.
b) valorização da integração religiosa.
c) afirmação dos princípios humanistas.
d) legitimação das tradições aristocráticas.
e) incorporação das representações góticas.
Item correto: C
A questão pede para que o candidato, ao ler um texto que fala sobre Renascimento, assinale qual item contém uma característica do movimento. Como sabemos, os princípios humanistas são uma característica central do Renascimento.