Projeções cartográficas: o que são, principais conceitos, para que servem e como caem no Enem
Publicado em: 27/07/2023As Projeções Cartográficas são representações planas da superfície curva da Terra em um mapa. A Terra é um esferoide oblato, ou seja, possui a forma aproximada de uma esfera achatada nos polos. Porém, quando tentamos representá-la em um mapa plano, ocorrem distorções de forma, área, direção ou distância, já que é impossível representar todas as características tridimensionais da Terra em uma superfície plana. As projeções cartográficas são ferramentas importantes para geógrafos, cartógrafos e navegadores, permitindo a representação do mundo em diferentes formas e tamanhos para atender a diversas necessidades.
Principais formas de Projeções Cartográficas
Existem quatro principais formas de Projeções Cartográficas:
Projeção Conforme
Também conhecida como projeção de Mercator, preserva os ângulos, mantendo a forma dos objetos representados. É bastante utilizada em mapas náuticos, pois permite traçar rotas de navegação como linhas retas. No entanto, a projeção de Mercator causa distorções significativas nas áreas, especialmente em latitudes mais altas.
Projeção Equivalente
Também chamada de projeção de Peters, preserva as áreas, mantendo as proporções das superfícies representadas. É uma projeção que visa evitar a distorção das áreas dos continentes, mas acaba sacrificando a forma, causando alongamento em latitudes mais elevadas.
Projeção Afilática
Também conhecida como projeção de Mollweide, busca um equilíbrio entre a conformidade e a equivalência, minimizando as distorções tanto de forma quanto de área. É uma projeção útil para representações globais que buscam compromisso entre as duas propriedades.
Projeção Equidistante
Essa projeção é utilizada para representar a distância de forma precisa entre pontos específicos. No entanto, as distorções de forma e área são mais pronunciadas em regiões distantes do ponto central.
Diferentes superfícies nas Projeções Cartográficas
Existem três principais tipos de superfícies nas Projeções Cartográficas:
Projeção Cônica
Nessa projeção, o globo terrestre é projetado em um cone. É mais adequada para representar áreas de latitude média, apresentando poucas distorções nessa faixa, mas tornando-se mais imprecisa à medida que nos afastamos da latitude de tangência do cone.
Projeção Azimutal
Nessa projeção, o globo é projetado em um plano tangente à superfície da Terra em um ponto específico. É ideal para representar áreas próximas ao ponto de tangência, como os polos, mas apresenta distorções significativas à medida que nos afastamos dessa região.
Projeção Cilíndrica
Nessa projeção, o globo é projetado em um cilindro envolvente. É amplamente utilizada em projeções de Mercator, sendo mais adequada para representar regiões de baixas latitudes. No entanto, como mencionado anteriormente, causa grandes distorções nas áreas em altas latitudes.
Principais exemplos de Projeções Cartográficas
Projeção de Mercator
Foi desenvolvida pelo cartógrafo flamengo Gerardus Mercator no século XVI. Essa projeção é do tipo conforme, o que significa que preserva os ângulos, tornando-a especialmente útil para navegação marítima.
Uma das principais características da projeção de Mercator é que ela representa as linhas de latitude e longitude como linhas retas paralelas e perpendiculares entre si. Isso permite que os navegadores tracem rotas como linhas retas no mapa, simplificando a navegação em alto-mar. No entanto, a projeção de Mercator causa uma grande distorção nas áreas dos continentes à medida que nos afastamos da linha do Equador, resultando em uma ampliação excessiva das regiões próximas aos polos. Essa distorção faz com que a Groenlândia, por exemplo, pareça maior do que a América do Sul, quando, na verdade, a América do Sul é muito maior em área.
Projeção de Peters
A Projeção de Peters, criada pelo historiador alemão Arno Peters na década de 1970, é uma projeção equivalente. Ela se tornou famosa por sua abordagem crítica à projeção de Mercator, que enfatizava o domínio europeu em relação ao resto do mundo e causava distorções significativas nas áreas dos países.
A projeção de Peters mantém as proporções das áreas dos continentes, corrigindo as distorções presentes na projeção de Mercator. Como resultado, os países localizados em altas latitudes, como o Canadá e a Rússia, não aparecem mais excessivamente ampliados. No entanto, a troca da propriedade de conformidade pela equivalência causa uma distorção na forma dos países, especialmente nas regiões mais afastadas da linha do Equador.
Projeção de Robinson
Desenvolvida pelo cartógrafo americano Arthur H. Robinson em 1963, a Projeção de Robinson é uma projeção afilática. Essa projeção busca um equilíbrio entre a conformidade e a equivalência, minimizando as distorções tanto de forma quanto de área em relação a outras projeções.
A Projeção de Robinson é amplamente utilizada em mapas do mundo e atlas devido à sua aparência esteticamente agradável e facilidade de uso. Ela apresenta um compromisso entre a distorção de formas e áreas, tornando-a uma escolha popular para representações globais que buscam uma visualização equilibrada e mais realista da Terra. No entanto, é importante ressaltar que, apesar de minimizar as distorções, ainda há alguma distorção presente, especialmente nas regiões próximas aos polos.
Abordagem das Projeções Cartográficas no ENEM
No ENEM, as Projeções Cartográficas podem ser abordadas em questões que envolvam interpretação e análise de mapas, bem como na compreensão de como as diferentes projeções impactam a representação do espaço geográfico. Os alunos podem encontrar questões que requerem o conhecimento das principais características das projeções conformes, equivalentes, afiláticas e equidistantes, além de identificar as distorções presentes em cada tipo de projeção.
Além disso, o ENEM pode propor questões relacionadas à escolha da projeção mais adequada para representar determinada região ou para atender a objetivos específicos, como navegação, análise de áreas territoriais ou visualização global. É essencial que os estudantes compreendam as propriedades e limitações de cada projeção para aplicá-las de maneira adequada e crítica.
Em resumo, o estudo das Projeções Cartográficas é fundamental para a compreensão da representação cartográfica da Terra e sua relação com as distorções que ocorrem na representação em mapas planos. O conhecimento sobre as principais formas e superfícies das projeções, bem como os exemplos conhecidos, permitirá que os alunos enfrentem com confiança as questões relacionadas a esse tema no ENEM e em sua jornada acadêmica de geografia.
(Enem 2016) A projeção cartográfica do mapa configura-se como hegemônica desde a sua elaboração, no século XVI. A sua principal contribuição inovadora foi a:
A) redução comparativa das terras setentrionais.
B) manutenção da proporção real das áreas representadas.
C) consolidação das técnicas utilizadas nas cartas medievais.
D) valorização dos continentes recém-descobertos pelas grandes navegações.
E) adoção de um plano em que os paralelos fazem ângulos constantes com os meridianos.
GABARITO: E