Indústria Brasileira: o que é e como surgiu

Publicado em: 22/12/2022

A indústria está associada ao setor secundário da economia, pois essa se propõe a transformar a matéria prima para fornecer bens para a sociedade. Contudo, para que isso ocorra, é necessário tecnologia e capital (máquinas e infraestrutura).

Até o inicio do século XX o Brasil estava posicionado na DIT (divisão internacional do trabalho) apenas como um fornecedor de matéria prima, algo herdado do jugo colonial, que durou mais de 300 anos, porém as mudanças na economia mundial provocadas pela crise de 1929 e as mudanças políticas no Brasil como a ascensão de Getúlio Vargas, fizeram com que o país de fato iniciasse grandes investimentos na indústria brasileira.

Fases da industrialização brasileira

Identificamos quatro fases na industrialização brasileira:

Primeira fase

A 1° fase da industrialização brasileira, que durou entre 1500 e 1808, a indústria era bastante rudimentar, com atividade de artesanatos e manufaturas com destaque para os engenhos de açúcar, vale lembrar que em 1785 a coroa portuguesa publicou um alvará proibindo a instalação de pequenas fábricas de manufaturas no Brasil.

Segunda fase

Na 2° fase, que durou entre 1808 e 1929, destacamos o fim do pacto colonial com a independência do país em 1822 e os incentivos para a criação de fábricas, ligadas principalmente ao setor agropecuária, com destaque para a transformação do algodão e do café. Podemos destacar também, durante a primeira guerra mundial, as fábricas de substituição que serviram para repor a demanda de recursos de bens de consumo, por causa do baixo fornecimento pelos europeus.

Terceira fase

Já a 3° fase é o momento em que tudo mudou, esse momento vai de 1930 até 1955, essa fase é marcada pelo governo de Getúlio Vargas e suas políticas nacionalistas como a criação da Vale do rio doce, Petrobras e CSN, todas essas empresas eram estatais durante o governo Vargas e estavam associados a recursos estratégicos do país, como petróleo e minérios.

Quarta fase

E a 4° fase, que começa 1956 e se prolonga até o momento atual é marcado pela abertura do país ao mercado internacional e pelos investimentos das multinacionais no país, esse processo tem seu início no Governo de Juscelino Kubitschek e suas políticas desenvolvimentistas.

A industrialização no Brasil colonial

O pacto colonial proibia o Brasil, enquanto colônia, de negociar seus recursos com outros países além de sua metrópole. Além disso, com o alvará de 1785, o Brasil também foi proibido de produzir seus próprios itens industrializados, ficando, assim, refém dos recursos industrializados de origem europeia.

As fábricas de açúcar ou engenhos são exemplos da industrialização da época, já que essas foram trazidas pelos holandeses, os primeiros a perceber a qualidade do país em fornecer matéria prima para essas fábricas, mas foram consolidadas pelos Portugueses que utilizavam no país um sistema de produção com a mão de obra escrava.

As primeiras fábricas brasileiras

A independência do Brasil ocorreu em 1822 e, nesse momento, o alvará foi revogado e os portos foram abertos, marcando o fim do pacto colonial. Nesse momento, o governo brasileiro passou a incentivar a criação de novas fábricas.

Como na revolução industrial inglesa, as primeiras fábricas brasileiras surgiram com a produção de linhas e tecidos derivados do algodão, a chamada indústria têxtil, sendo assim, diversos estados do Brasil passaram a se destaca na cultura algodoeira, que para além do abastecimento dessas fábricas, que eram poucas, o país passou a fornecer algodão para o mercado externo, suprindo a lacuna deixada pelos Estados Unidos da América durante a sua guerra de secessão (1861 - 1865).

Para concluir essa fase podemos destacar as indústrias de substituição de importações que ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Ainda que as primeiras fábricas brasileiras tenham surgido no séc. XIX, o número era baixo e não conseguia suprir a necessidade do país em produtos manufaturados e, por isso, boa parte dos produtos eram importados. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), o país precisou reforçar o número de fábricas, para superar essa necessidade.

Como o produto brasileiro era caro e de baixa qualidade, tão bem chegou o fim do conflito a economia brasileiro retomou o seu papel de agroexportadora.

A industrialização na Era Vargas

O governo Vargas traz mudanças tanto na parte política, quanto na parte econômica. Primeiramente temos que lembrar que esse governo pode ser dividido em três fases:

  • O governo provisório (1930 - 1933);
  • O governo constitucional (1934 - 1937);
  • O estado novo (1937 - 1945).

Getúlio Vargas ainda retornaria ao poder em 1951 e esse último mandato teve um final trágico com a sua morte em 1954.

No campo econômico, podemos destacar, a criação da CLT (consolidação das leis do trabalho) o que fomentou o mercado consumidor interno, além do incentivo do estado no desenvolvimento industrial, principalmente no setor de base, onde foram criada as estatais no ramo da mineração e energias como a companhia siderúrgica nacional, a vale do rio doce e a Petrobras.

O nacional-desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek

Após o governo de Vargas, outro presidente que se destacou no desenvolvimento industrial foi Juscelino Kubitschek, esse foi eleito em 1955 e seu modelo de governo ficou conhecido como nacional-desenvolvimentismo. Entre suas ideias podemos destacar o lema “50 em 5”, onde era proposto um avanço infraestrutural de 50 anos em apenas 5.

O seu plano de metas pode ser sintetizado em seis grupos: energia, transportes, indústria de base, educação, alimentação e a construção de Brasília.

O investimento para cumprir esse plano era de capital misto, ou seja, público e privado. Durante seu governo, JK atraiu diversas empresas estrangeiras, principalmente do setor automobilístico, fazendo com que houvesse uma valorização do transporte rodoviário, superando o transporte ferroviário, principal fluxo de mercadorias do Brasil até aquele momento.

Em seu governo o consumo aumentou e a industrialização aumentou cerca de 11% ao ano, mas como era baseado no apoio de multinacionais um grande montante de dinheiro era enviado aos países de origem dessas empresas, provocando aquilo que chamamos de descapitalização.

A indústria brasileira no período militar

Durante o regime assumiram o compromisso de combater a dívida externa, a inflação e buscar a austeridade financeira. No entanto, a rigidez econômica levou à falência de diversas empresas médias e pequenas, reforçando a hegemonia das estatais e das multinacionais.

Com a entrada de diversas empresas estrangeiras, principalmente aquelas que eram obsoletas nos países desenvolvidos, o país passou a receber diversos empréstimos de instituições financeiras, algo que no primeiro momento elevou a economia do país causando o chamado “milagre econômico", mas o que traria uma grave crise com o aumento da dívida externa.

A indústria brasileira no período recente

Desde a redemocratização no final do anos de 1980 o Brasil se abriu a políticas neoliberais, principalmente pela estagnação política que o país vivia nessa transição para a democracia.

O governo Collor iniciou uma abertura comercial, para fomentar o mercado e, por isso, os produtos de diversos países, inclusive da URSS, chegaram ao Brasil.

Mas é no governo FHC que as políticas de abertura econômica ficam claras. Fernando Henrique Cardoso iniciou a privatização de diversas empresas como a CSN e a Vale do rio Doce - transformada em “Vale”, após a privatização - além de permitir a abertura do capital da Petrobrás, onde suas ações passaram a ser negociadas na bolsa de valores.

Os governos de Lula e Dilma, ambos presidentes do Partido dos Trabalhadores, foram responsáveis por intensificar o processo de desconcentração industrial para áreas pouco afetadas por essa atividade econômica.

A industrialização brasileira no Enem

Na prova do Enem é necessário que o aluno conheça alguns conceitos básicos da geografia das indústrias, tais como: Industrialização, desconcentração industrial, incentivos fiscais, privatização, estatais entre outros.

Para resolver as questões sobre a industrialização brasileira é necessário conhecer a história do Brasil e seu desenvolvimento como nação, focando sempre nas primeiras fábricas após a independência do país, na era Vargas e no governo JK.

Observe:

Enem 2019

A depressão que afetou a economia mundial entre 1929 e 1934 se anunciou, ainda em 1928, por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais marcante foi a crise financeira detonada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque.

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br. Acesso em: 20 abr. 2015 (adaptado).

Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro assume, a partir de 1930, uma política de incentivo à:

a) industrialização interna para substituir as importações.

b) nacionalização de empresas estrangeiras atingidas pela crise.

c) venda de terras a preços acessíveis para os pequenos produtores.

d) entrada de imigrantes para trabalhar nas indústrias de base recém-criadas.

e) abertura de linhas de financiamento especial para empresas do setor terciário.

Para responder essa questão é necessário saber que em 1930 o Brasil vivia o primeiro momento da era Vargas, período conhecido como governo provisório, o mundo estava sofrendo as consequências da crise de 1929, dessa forma o mercado estava hiperinflacionado, para reduzir essa pressão do mercado o país intensificou sua industrialização para substituir as importações, dessa forma, a alternativa correta é a letra a.