Hereditariedade: o que é, conceitos importantes e como cai no vestibular
Publicado em: 09/11/2023A hereditariedade é o padrão de herança de características de geração para geração. Neste resumo nos aprofundaremos por este tema e pelas pesquisas de Gregor Mendel sobre o assunto, pois hereditariedade no ENEM aparece todos os anos.
Tipos de Hereditariedade
Para começarmos a entender o que é hereditariedade é preciso dizer que ela é classificada em específica e individual. É específica quando se relaciona a fatores comuns a uma determinada espécie. Assim, nossa aparência como Homo sapiens deriva de marcadores genéticos hereditários comuns a todos os membros da nossa espécie e o mesmo vale para outras espécies. Já a hereditariedade individual refere-se ao fato de que cada pessoa tem sua combinação única de alelos (variantes de genes) que podem influenciar suas características físicas, saúde e comportamento. Isso significa que, mesmo que dois indivíduos tenham os mesmos pais, eles ainda podem ter combinações genéticas diferentes devido à aleatoriedade na segregação e recombinação dos genes durante a reprodução. Ou seja, todos somos diferentes numa mesma espécie (com exceção, mas nem tanto, de gêmeos univitelinos).
Hereditariedade e os genes
A hereditariedade está diretamente relacionada aos genes. Estes, para a definição que cabe aqui, serão considerados fatores hereditários associados a uma característica num organismo. Genes existem em versões denominadas alelos. Assim, um gene para a cor dos olhos, por exemplo, pode apresentar variantes para castanha, preta, azul, etc. Estes alelos gênicos estão presentes em duas cópias em cada indivíduo, uma herdada de cada progenitor e essa dupla de fatores genéticos interagem para formar o fenótipo. Os alelos podem se comportar como dominantes quando são capazes de expressar seu fenótipo correspondente com apenas uma cópia e recessivos quando necessitam de duas. Por exemplo, a miopia na espécie humana é determinada por dois alelos “mm” e indivíduos “MM” e “Mm” possuem visão normal. Assim, o alelo “m” é recessivo frente ao “M” que é dominante. É relevante mencionar que apenas uma minoria de pares de alelos interagem dessa maneira e é muito mais comum uma mistura dos efeitos de dois alelos nos organismos.
Lei da Hereditariedade
Em 1866, os princípios básicos da hereditariedade foram explicados por Gregor Mendel. Trabalhando com ervilhas, Mendel foi capaz de compreender como as características eram transmitidas naquela espécie e enunciar duas leis: (1) a lei da segregação e (2) a lei da segregação independente (assortividade).
Na 1ª Lei de Mendel ele demonstrou que cada indivíduo possui um par de fatores que se segregam durante a formação de seus gametas. De tal modo que, cada filho recebe apenas um fator de cada característica de um de seus progenitores.
Quando estudou mais que uma característica, Mendel notou que a herança de uma não estava associada à outra. Por exemplo, ervilhas amarelas são dominantes sobre ervilhas verdes e ervilhas lisas são dominantes sobre ervilhas rugosas. Entretanto, o fato de uma ervilha ser amarela não implica que ela seja lisa ou verde e rugosa. Os fenótipos nestes casos se combinam de modo aleatório, pois os fatores que os determinam segregam de modo independente. Assim, ele enunciou a chamada 2ª Lei de Mendel. Na 2ª Lei, quando se considera duas características e se cruzam indivíduos heterozigóticos para as duas, são gerados quatro fenótipos combinados na proporção 9:3:3:1.
Quase 40 anos depois, Walter Sutton e Theodor Boveri publicaram trabalhos independentes sobre a meiose e demonstraram que o comportamento dos cromossomos homólogos durante a meiose (separação dos cromossomos homólogos na anáfase I) poderia explicar a segregação independente dos fatores mendelianos. Muitas e muitas pesquisas aconteceram de lá até aqui e hoje a Genética mendeliana segue sólida e é capaz de explicar a maioria da herança em organismos diploides.
Hereditariedade no Enem
No ENEM, Hereditariedade é um tema frequente. Muitas questões já abordaram a primeira e segunda leis de Mendel, bem como seus desdobramentos.
Observe este item de 2021 sobre interação alélica.
(ENEM, 2021) A deficiência de lipase ácida lisossômica é uma doença hereditária associada a um gene do cromossomo 10. Os pais dos pacientes podem não saber que são portadores dos genes da doença até o nascimento do primeiro filho afetado. Quando ambos os progenitores são portadores, existe uma chance, em quatro, de que seu bebê possa nascer com essa doença.
ANDERSON, R. A. et. al. In: Situ Localization of the Genetic Locus Encoding the Lysosomal Acid Lipase/Cholesteryl Esterase (LIPA) Deficient in Wolman Disease to Chromosome 10q23.2-q23.3. Genomics, n. 1, jan. 1993 (adaptado).
Essa é uma doença hereditária de caráter
a) recessivo.
b) dominante.
c) codominante.
d) poligênico.
e) polialélico.
Se pais saudáveis tiverem um filho com a doença, isso pode significar que cada um dos pais porta um alelo para a anomalia. Assim, trata-se de uma condição recessiva. Gabarito A.