Guerra entre Rússia e Ucrânia: como pode cair no Enem?
Publicado em: 13/12/2022Em fevereiro de 2022, o governo de Vladimir Putin anunciou uma operação militar que teria por objetivo acabar com supostas células nazistas na Ucrânia. A partir disso, teve início a Guerra da Ucrânia, um conflito armado, fruto de complexas questões geopolíticas e de um longo jogo de interesses que se desdobra desde o período da Guerra Fria.
Dando origem a um cenário de instabilidade, de crise energética europeia e de tensão quanto aos riscos de um acidente nuclear, tal conflito é uma grande aposta para as questões de Atualidades do ENEM 2022 e de outros vestibulares.
As complexas relações russo-ucranianas: os antecedentes da Guerra da Ucrânia
Para compreender o atual conflito entre Rússia e Ucrânia, é necessário considerar não só as complexas relações políticas e socioculturais entre os dois países, mas também a ação e os interesses de agentes externos.
O primeiro ponto a ser ressaltado é o fato de que tanto a Ucrânia quanto a Rússia foram formadas por povos de etnia “rus”, compartilhando diversos traços culturais – como costumes e tradições. Além disso, até 1991, a Ucrânia fazia parte do território da antiga União Soviética e, durante todo esse período, recebeu diversos imigrantes russos – que se estabeleceram principalmente no leste do país, como nas cidades de Donetsk e Lugansk –, contribuindo ainda mais para essa integração étnico-cultural.
Nesse contexto, outro elemento importante para entender os desdobramentos do atual conflito é a ascensão de Vladimir Putin à presidência russa, em 2000. Apresentando um forte ideal nacionalista e pan-eslavista, Putin assumiu o governo em meio a uma grave crise, buscando garantir o desenvolvimento do país e a hegemonia russa na região por meio de medidas de fortalecimento do Estado e de intensas reformas políticas e econômicas.
Um terceiro fator que merece destaque é a questão da Península da Criméia, uma região que foi cedida à Ucrânia pelo governo russo, em 1954, e que se tornou uma república autônoma ucraniana depois da dissolução da União Soviética. Porém, devido à sua importância estratégica e econômica, a Criméia tem sido palco de grandes tensões russo-ucranianas.
Tal conflito de interesses se intensificou em 2014, com a realização de um referendo que aprovou a anexação da Criméia ao território russo – ação que não foi reconhecida pela ONU e que gerou uma verdadeira crise diplomática entre a Rússia e os países integrantes da União Europeia e da OTAN, favoráveis à Ucrânia. Diante desse acontecimento, as regiões de Donetsk e Lugansk foram tomadas por manifestações separatistas e deixaram de responder ao governo ucraniano, autoproclamando suas independências e declarando apoio à Rússia.
Para além disso tudo, outro principal motivo para a invasão russa à Ucrânia foi a aproximação da Ucrânia com a OTAN – uma aliança militar de cooperação mútua criada em oposição ao bloco soviético, ainda durante o período da Guerra Fria, que tem os Estados Unidos como um de seus principais membros. Aderindo à OTAN, a Ucrânia receberia apoio direto dos demais países-membros em caso de conflito armado, o que ameaçaria a estabilidade russa na região do Leste Europeu.
Diante de tal cenário, ainda em 2021, Putin iniciou a mobilização de tropas na fronteira russo-ucraniana e ameaçou uma resposta militar caso a OTAN não reduzisse sua atuação no Leste Europeu e a Ucrânia prosseguisse com a adesão à aliança. Já em 2022, depois de reconhecer a independência das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, o presidente russo anunciou o início da operação militar que resultaria na Guerra da Ucrânia.
Crises e tensões: a Guerra da Ucrânia e suas últimas atualizações
Desde as primeiras ameaças de Putin, a OTAN e a União Europeia manifestaram apoio à Ucrânia e, com o avanço dos conflitos, mais de 140 países já se posicionaram diplomaticamente contrários à ação russa. De lá para cá, apesar de seus aliados não terem interferido diretamente nos combates armados, a Ucrânia recebeu diversos auxílios econômicos, bélicos e humanitários. Além disso, para pressionar o governo russo no cessar-fogo, diversos países-membros da OTAN impuseram embargos econômicos contra a Rússia – que recebeu o apoio de países como Belarus, Irã, Síria e Nicarágua.
Em resposta a tais sanções, a Rússia – maior exportadora de gás natural do mundo e principal fonte de abastecimento de diversos países europeus – reduziu seu fornecimento de combustível aos países da União Europeia, resultando em uma grave crise energética no continente.
Outro ponto de grande tensão é o risco de desastre ambiental que pode ocorrer não só por danos causados a usinas nucleares como a de Zaporizhzhya – que já foi palco de confronto direto entre os exércitos russo e ucraniano – mas, também, pelas ameaças de Putin quanto ao uso de armas nucleares.
Em meio a isso tudo, o rastro de destruição na Ucrânia é bastante significativo, afetando não só as forças militares, mas, principalmente a população do país. Segundo dados da ONU, de fevereiro a outubro, mais de 6 mil civis foram mortos e quase 10 mil ficaram feridos – tanto pelo fogo cruzado como por bombardeamentos e ataques de drones. Além disso, estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia, causando a maior crise migratória europeia da atualidade.
Mas, afinal, como a Guerra da Ucrânia pode cair no ENEM?
Considerando a grande instabilidade mundial causada pelo conflito e o fato de ainda estar em curso, é bastante provável que a Guerra da Ucrânia seja cobrada no ENEM – o que pode ocorrer tanto de modo direto quanto contextualizado, em diferentes segmentos das provas.
A primeira grande probabilidade é o conflito figurar entre as questões da prova de Ciências Humanas, principalmente naquelas de História e Geografia, sendo relacionado ao nacionalismo, ao período da Guerra Fria, ao surgimento e à atuação da OTAN, ao fim da União Soviética, à Guerra da Criméia e à crise de abastecimento energético na Europa, por exemplo.
Outra aposta é a Guerra da Ucrânia ser tema de redação, podendo estar associada a questões migratórias, ambientais, econômicas ou políticas – demandando dos alunos, como de costume, alguma proposta de intervenção por meio de um texto dissertativo-argumentativo.
Além disso, existe, ainda, a possibilidade de tal conflito ser mencionado na prova de Ciências da Natureza, devido aos grandes riscos ambientais e biológicos que seriam causados diante de um possível uso de armas nucleares ou mesmo do vazamento de materiais radioativos de usinas nucleares. Nesse caso, o tema também poderia ser aproveitado nas questões de Química, para trabalhar os conceitos de isótopos e meia-vida – tal qual ocorreu diante do acidente nuclear de Fukushima, em 2011, como pode ser visto no exemplo a seguir:
ENEM 2018
O terremoto e o tsunami ocorridos no Japão em 11 de março de 2011 romperam as paredes de isolamento de alguns reatores da usina nuclear de Fukushima, o que ocasionou a liberação de substâncias radioativas. Entre elas está o iodo-131, cuja presença na natureza está limitada por sua meia-vida de oito dias.
O tempo estimado para que esse material se desintegre até atingir 1/16 da sua massa inicial é de:
a) 8 dias.
b) 16 dias.
c) 24 dias.
d) 32 dias.
e) 128 dias.
Resposta: D.
Conforme as informações contidas no texto, espera-se que os alunos concluam que, se a meia-vida do iodo-131 é limitada a oito dias, esse será o período necessário para que sua massa seja reduzida a 1⁄2 da inicial. Assim, proporcionalmente, seriam necessários 32 dias para que o material se desintegrasse a 1/16 de sua massa inicial.