Guerra Fria: o que foi, causas e consequências

Publicado em: 22/12/2022

Estendendo-se do fim da Segunda Guerra Mundial à dissolução do Estado Soviético, em 1991, a Guerra Fria pode ser definida como o conflito político, econômico e ideológico que opôs os Estados Unidos à União Soviética, dividindo o mundo em duas grandes áreas de influência: uma capitalista e outra socialista.

Tal período foi denominado “Guerra Fria” devido à inexistência de qualquer confronto direto entre as duas superpotências – as quais, na busca por supremacia mundial, se restringiram ao campo da guerra psicológica e ao financiamento de conflitos, golpes de Estado e ditaduras militares em seus países aliados.

Diante dos desdobramentos geopolíticos e dos impactos culturais de tal período, a Guerra Fria é tema de grande relevância em provas como o ENEM – servindo não só para compreender os rumos da história mundial na segunda metade do século XX, como também diversos aspectos político-econômicos da atualidade.

Os antecedentes da Guerra Fria

Durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética desempenharam papéis de extrema importância para a derrota das forças do Eixo e, diante do cenário destruição na Europa, despontaram como as duas maiores potências econômicas e militares do período.

Ainda antes do fim oficial do conflito, os principais representantes das forças Aliadas se reuniram nas conferências de Yalta e de Potsdam para estabelecer acordos de paz e definir, entre uma série de outras medidas, a desmilitarização e a desnazificação da Alemanha, a criação de um tribunal de julgamento para crimes de guerra, a formação da Organização das Nações Unidas e a divisão territorial alemã em quatro zonas ocupação – as quais seriam controladas pelos Estados Unidos, pela França, pela Inglaterra e pela União Soviética.

Apesar dos acordos assumidos, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a aliança entre Estados Unidos e União Soviética foi se tornando cada vez mais frágil devido à divergência de interesses de seus governantes – evidenciando, assim, os contornos de da disputa ideológica e geopolítica que se estabeleceria entre as duas potências. Mas o início da Guerra Fria só se daria em 1947, diante de um exaltado discurso do presidente estadunidense Harry Truman.

O Mundo Bipolar

Para manter os altos índices de crescimento econômico estadunidenses e evitar a aproximação das nações europeias com o Estado Soviético, em 1947, Truman acusou a URSS de organizar uma suposta política expansionista para dominar a Europa e estabelecer sua hegemonia mundial.

Afirmando a necessidade de barrar o avanço comunista, a primeira ação da chamada Doutrina Truman ocorreu em 1948, com o lançamento do Plano Marshall – um plano de assistência econômica para auxiliar na reconstrução dos países afetados pela guerra. Em resposta a isso, para manter seus aliados, a União Soviética também desenvolveu um plano de recuperação econômica, o COMECON, iniciado em 1949.

Ainda nesse mesmo ano, as ações estadunidenses ultrapassaram a esfera econômica com a formação de uma aliança militar de defesa mútua, a OTAN. Nesse mesmo sentido, em 1955, os soviéticos estabeleceram o Pacto de Varsóvia – com o propósito de garantir proteção à URSS e a seus aliados.

Diante de tais eventos, formaram-se dois blocos político-econômicos com alinhamentos ideológicos distintos: um capitalista – liderado pelos Estados Unidos – e outro socialista – encabeçado pela União Soviética. Provocando uma verdadeira polarização mundial, essa divisão se materializou com a construção do Muro de Berlim em 1961 – que dividiu a Alemanha em dois lados, o Ocidental capitalista e o Oriental socialista.

A Corrida Armamentista e a Corrida Espacial

Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética travaram uma intensa disputa tecnocientífica em busca da supremacia mundial, dando origem a dois fenômenos característicos do período: a Corrida Armamentista e a Corrida Espacial.

A Corrida Armamentista pode ser compreendida como desdobramento dos projetos bélicos iniciados ainda na Segunda Guerra Mundial e foi marcada pelo desenvolvimento de um grande arsenal nuclear e termonuclear – provocando um cenário de apreensão mundial diante da possibilidade de um conflito direto entre as duas superpotências inimigas.

Já a Corrida Espacial se desenrolou a partir das tecnologias utilizadas no desenvolvimento de mísseis balísticos e foi caracterizada pela criação de programas espaciais, pelo lançamento de satélites artificiais e por missões tripuladas à órbita terrestre e à Lua. Desse modo, tal fenômeno permitiu um grande avanço nos conhecimentos científicos da época e promoveu uma verdadeira revolução nos meios de comunicação.

A Crise dos Mísseis em Cuba

Com a vitória de Fidel Castro na Revolução Cubana de 1959, Cuba se aproximou da União Soviética – ameaçando a hegemonia estadunidense na América. Diante de tal cenário, os Estados Unidos decretaram uma série de embargos econômicos à ilha e organizaram operações militares para tentar depor o governo castrista.

Nesse mesmo contexto, os Estados Unidos instalaram mísseis nucleares na Turquia e na Itália, em uma clara ameaça ao território soviético. Ao tomar conhecimento de tal ação, a URSS acordou a construção de bases militares e plataformas de lançamento de mísseis em Cuba.

Em resposta a isso, o presidente estadunidense John Kennedy declarou a possibilidade de uma guerra direta entre as duas potências, dando início à Crise dos Mísseis de Cuba – impasse que ficaria conhecido como “os treze dias que abalaram o mundo”.

A dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria

A partir da década de 1980, a URSS foi perdendo cada vez mais força diante de um cenário de crise político-econômica, de pressões internas e externas e de eventos como a Guerra do Afeganistão, o acidente nuclear de Chernobyl e a reunificação da Alemanha. Assim, em 1991, com a independência de diversos Estados que a compunham, a União Soviética se dissolveu, dando fim à Guerra Fria e originando uma nova ordem mundial com a supremacia dos Estados Unidos e do capitalismo.

Guerra Fria no ENEM

Ainda que a Guerra Fria tenha chegado ao fim há mais de trinta anos, seus desdobramentos e influências foram tão amplos que podem ser percebidos até hoje. Assim, o assunto pode ser abordado sob múltiplas perspectivas no ENEM, constando entre questões de diferentes componentes curriculares.

Na prova de Ciências da Natureza, por exemplo, o tema pode ser tratado nas ser associado aos efeitos ambientais de acidentes nucleares como o da Usina de Chernobyl. Já na prova de Ciências Humana, a Guerra Fria pode ser trabalhada tanto de modo específico nas questões de História e Geografia – ao tratar de seus aspectos geopolíticos e econômicos e de suas relações com diversos conflitos que se desenrolaram no período – quanto contextualmente nas questões de Artes, Filosofia, Sociologia e Atualidades – apresentando-se como motor para o surgimento de movimentos de contracultura, de teorias filosóficas e sociológicas ou, ainda, como causa de eventos recentes, como a Guerra da Ucrânia. Veja alguns exemplos:

ENEM 2019

Produto do fim da Guerra Fria, a Convenção sobre a Proibição das Armas Químicas (CPAQ) marcou um novo momento das relações internacionais no campo da segurança. Aberta para assinaturas em Paris, em janeiro de 1993, após cerca de duas décadas de negociações na Conferência do Desarmamento em Genebra, a CPAQ entrou em vigor em abril de 1997. Ao abrir a I Conferência dos Estados-Partes na CPAQ, em Haia, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, descreveu o evento como um "momento de paz”. Disse: “O que vocês fizeram com sua livre vontade foi anunciar a essa e a todas as futuras gerações que as armas químicas são instrumentos que nenhum Estado com algum respeito por si mesmo e nenhum povo com algum senso de dignidade usaria em conflitos domésticos ou internacionais”.

BUSTANI, J. M. A Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas: trajetória futura. Parcerias Estratégicas, n. 9, out. 2000.

O que a Convenção representou para o cenário geopolítico mundial?

a) Esgotamento dos pactos bélicos multilaterais.

b) Restrição aos complexos industriais militares.

c) Enfraquecimento de blocos políticos regionais.

d) Cerceamento às agências de inteligência estatal.

e) Desestabilização das empresas produtoras de munições.

Resposta: B.