Filosofia Contemporânea: principais características, filósofos
Publicado em: 07/12/2022Variados problemas motivaram as reflexões de filósofos ao longo dos séculos; enquanto alguns permaneceram sendo investigados e praticamente se tornaram parte da própria filosofia, outros novos foram surgindo, sobretudo em nosso tempo. A filosofia contemporânea é o período histórico dessa área do saber que contempla as reflexões dos intelectuais que pensam e investigam os principais problemas e questões da atualidade. O ponto de início desse momento filosófico é a Revolução Francesa, entendida como um acontecimento histórico que transformou a realidade política e social internacional, dando fim ao absolutismo e inaugurando novas formas de organização econômica. As reflexões da filosofia contemporânea aparecem no ENEM a partir das perspectivas de vários pensadores, articulando campos filosóficos específicos com outras áreas do saber.
Filosofia contemporânea
O que é filosofia contemporânea? É um período histórico da filosofia marcado por teorias e reflexões sobre os problemas que estão presentes no mundo atual. Seus objetos de estudo são variados, tendo em vista que a sociedade contemporânea está imersa em uma diversidade de problemas. Dessa forma, áreas como a ética, política e epistemologia se destacam em investigar os fenômenos que se apresentam em nossa civilização. A filosofia contemporânea tem como algumas de suas principais características um estudo realista e fortemente direcionados ao fatos, uma proximidade com as descobertas e investigações científicas, preocupação com as questões ambientais, a investigação dos fatores psicológicos que envolvem o agir do indivíduos e a existência de algumas teorias filosóficas que encaram a vida de forma pessimista e pouco esperançosa. Todo esse panorama intelectual começou a se formar dentro da filosofia a partir da Revolução Francesa ocorrida em 1789, pois a queda da monarquia e o estabelecimento de novas formas de organização socioeconômicas suscitaram novas perguntas que necessitavam de respostas, as quais foram sendo desenvolvidas ao longo da contemporaneidade.
Crise da razão
Para se entender o que é filosofia contemporânea é preciso levar em consideração um fenômeno nomeado por alguns intelectuais como “crise da razão”. No século XVIII, o Iluminismo defendia a ideia de que a razão deveria ser valorizada e compreendida como nossa principal aliada na construção de um mundo melhor e mais justo. Os intelectuais desse movimento acreditavam que o uso da racionalidade seria capaz de trazer melhores condições de existência para todos. No entanto, alguns filósofos denunciam que a supervalorização da razão conduziu a humanidade para um caminho diferente daquele imaginado pelos iluministas. A racionalidade produziu armas de destruição em massa, máquinas de guerra e o Holocausto ao invés de progresso humano e ético. Os regimes totalitários como o nazismo e o fascismo demarcam, na visão de alguns pensadores, a decadência do projeto racional da civilização ocidental.
Filósofos Contemporâneos
Dentre os filósofos da filosofia contemporânea, destaca-se inicialmente o nome de G. W. Friedrich Hegel. Ele é considerado como o primeiro representante deste período histórico-filosófico. Inaugurou um novo modo de se conceber a realidade através de sua lógica dialética, que concebia a realidade como um constante processo de movimento dinamizado pelo choque entre os contrários. Posteriormente, Karl Marx criticou o caráter idealista da filosofia hegeliana, mas não a abandonou por completo, pois utilizou a sua dialética como método para o estudo das relações econômicas na sociedade capitalista, definindo o conflito entre as classes sociais como o motor da história.
Arthur Schopenhauer desenvolveu uma teoria que concebia a Vontade como uma força que move o mundo e os seres humanos, nos impulsionando ao desejo e à ação. No entanto, sempre tendemos ao sofrimento: seja por não conseguirmos alcançar tudo o que desejamos ou por sentirmos tédio quando finalmente recebemos aquilo que procurávamos. Auguste Comte é considerado o pai do Positivismo, corrente de pensamento que entendia o pensamento científico como a forma de conhecimento mais elevada já produzida pela humanidade e que é capaz de conduzir a sociedade ao progresso.
Um pensador bastante polêmico foi Friedrich Nietzsche. Enquanto crítico da moral, Nietzsche afirmava que somos compostos por dois princípios opostos: o apolíneo e o dionisíaco, respectivamente: razão e desejo. Em sua visão, o cristianismo foi responsável por criar na humanidade um desequilíbrio entre esses dois princípios, levando os indivíduos ao adoecimento. O pensador propõe a construção de uma nova moral baseada nas potências dos indivíduos como alternativa de superação da moralidade doente do ocidente. Influenciado por Nietzsche, o filósofo Sigmund Freud elaborou uma teoria da mente humana que a dividia em três níveis: id, ego e superego. Cada um desses representa uma instância de nossa atividade mental: o id seria o inconsciente, o ego seria nossa consciência e o superego representa a moralidade externa que rege as nossas ações.
O pensador Edmund Husserl desenvolveu uma nova corrente de pesquisa da mente humana conhecida como fenomenologia. Esse campo de estudos considera a consciência como uma atividade constante que se dirige aos seus objetos. Ou seja, nossa mente não é uma coisa, mas sim um processo dinâmico que tem como conteúdo os objetos ao nosso redor. Seu pensamento influenciou o francês Jean-Paul Sartre, considerado o principal representante do existencialismo. Em sua concepção, a existência precede a essência, ou seja, primeiro existimos no mundo e vivemos nossas experiências para então definirmos aquilo que realmente somos. Max Horkheimer foi membro da chamada Escola de Frankfurt e elaborou o conceito de Indústria cultural. Essa noção compreende que a tecnologia propiciou ao capitalismo o desenvolvimento de áreas de produção em massa de bens culturais que são fabricados para serem comercializados e gerarem lucro. Dessa forma, a arte acaba se tornando também uma mercadoria.
Filósofos contemporâneos brasileiros
O Brasil também possui seus representantes no campo da filosofia contemporânea. A pensadora Marilena Chauí se destaca através de seus estudos sobre política, direitos humanos e participação das mulheres dentro da filosofia e das demais ciências. O filósofo Mario Sergio Cortella por suas contribuições intelectuais para o campo da educação no Brasil. Além disso, busca construir relações entre a filosofia e outras áreas do conhecimento como a administração e a psicologia. Leandro Konder foi um dos principais responsáveis pelos estudos da filosofia marxista no Brasil. Contribuiu com suas ideias para o avanço das pesquisas críticas sobre a sociedade brasileira. A filósofa Djamila Ribeiro é uma das principais representantes do feminismo negro em nosso país. Busca defender por meio de suas ideias uma maior integração das mulheres na dimensão política. Também possui uma trajetória de luta contra o racismo estrutural presente na sociedade.
Filosofia contemporânea no ENEM
O que cai em filosofia no ENEM em relação ao campo do pensamento contemporâneo? As questões sobre esse período da filosofia são fortemente marcadas pela interdisciplinaridade. Algumas questões abordam as principais ideias de alguns dos pensadores do nosso tempo, enquanto outras buscam traçar relações entre elementos das ideias dos filósofos com aspectos de outras áreas como o direito, a sociologia e a psicologia. É importante estar sempre atualizado em relação aos acontecimentos e principais dilemas que perpassam a nossa sociedade contemporânea para se desenvolver um bom repertório que possibilite a resolução correta das questões. Filósofos contemporâneos mais abordados no ENEM:
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G. W. Friedrich Hegel;
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Karl Marx;
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Friedrich Nietzsche;
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Max Horkheimer;
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Jean-Paul Sartre.
ENEM 2019
Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de forma a ter de desejar reviver — é o dever —, pois, em todo caso, você reviverá! Aquele que ama antes de tudo se submeter, obedecer e seguir, que obedeça! Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e não recue diante de nenhum meio! É a eternidade que está em jogo!”. NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
O trecho contém uma formulação da doutrina nietzscheana do eterno retorno, que apresenta critérios radicais de avaliação da:
a) qualidade de nossa existência pessoal e coletiva.
b) conveniência do cuidado da saúde física e espiritual.
c) legitimidade da doutrina pagã da transmigração da alma.
d) veracidade do postulado cosmológico da perenidade do mundo.
e) validade de padrões habituais de ação humana ao longo da história.