Histologia: funções dos tecidos, características e como caem no Enem
Publicado em: 27/07/2023Em biologia, tecidos são grupos de células especializadas que se organizam e trabalham em conjunto para desempenhar funções específicas no organismo. Essas células podem ser semelhantes ou diferentes, mas estão estrutural e funcionalmente adaptadas para atuar em conjunto, proporcionando maior eficiência na execução de suas tarefas. O estudo dos tecidos é conhecido como Histologia.
Existem quatro tipos de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Todos possuem células, especializações e funções específicas que garantem que estes conjuntos celulares possam participar da homeostase corporal.
Tecido epitelial
A maioria dos tecidos epiteliais formam revestimentos externos e internos no corpo dos organismos. Assim, eles são responsáveis por proteger o organismo e regular as trocas de substâncias com o ambiente. Caracterizados por células intimamente unidas, formando uma barreira contínua, com pouca ou nenhuma substância intercelular entre elas, os tecidos epiteliais podem ser classificados em diferentes tipos: epitélio simples, estratificado, cúbico, colunar, entre outros, dependendo da forma e organização das células.
Além da função de revestimento, os tecidos epiteliais formam as glândulas. Glândulas são órgãos especializados na produção e na secreção de substâncias. Tecidos glandulares produzem e secretam substâncias específicas no organismo. Existem dois tipos principais: glandular exócrino, que libera secreções em cavidades ou superfícies externas por dutos, e glandular endócrino, que libera hormônios diretamente na corrente sanguínea.
As glândulas sudoríparas da pele produzem e liberam suor para resfriar o corpo e são do tipo exócrina. Já a tireoide é uma glândula que produz hormônios que controlam o metabolismo e, após produzir, libera tais hormônios diretamente na corrente sanguínea. Por isso, a tireoide é uma glândula endócrina.
Tecido conjuntivo
Os tecidos conjuntivos são um grupo diversificado de tecidos no corpo humano, com papéis importantes no suporte estrutural, proteção, transporte e defesa. Eles são caracterizados por serem compostos por células dispersas em uma matriz extracelular, que pode variar em composição dependendo do tipo de tecido conjuntivo.
Tecido Conjuntivo Propriamente Dito
Também conhecido como tecido conjuntivo frouxo, possui uma matriz extracelular gelatinosa composta por fibras colágenas, elásticas e reticulares e é responsável por nutrir células de outros tecidos e fornecer suporte estrutural.
Tecido Conjuntivo Denso
Contém uma matriz extracelular rica em fibras colágenas organizadas em feixes densos. Quando estas fibras colágenas estão desorganizadas, este tecido é denominado denso não-modelado. Já quando as fibras encontram-se alinhadas em paralelo, o tecido conjuntivo denso é chamado de modelado. É possível encontrar tecido denso modelado nos tendões e ligamentos.
Tecidos conjuntivos especiais
Tecido Adiposo
Composto por células especializadas, chamadas adipócitos, que armazenam gordura. Atua como reserva de energia, isolante térmico e proteção mecânica dos órgãos internos.
Tecido Cartilaginoso
Caracterizado por uma matriz extracelular resistente e flexível composta principalmente de fibras colágenas e proteoglicanos. É encontrado nas articulações, discos intervertebrais, nariz, orelhas e outras estruturas que requerem amortecimento e suporte.
Tecido Ósseo
Possui uma matriz extracelular rígida e mineralizada, composta principalmente por um mineral de cálcio e fosfato. Compõe os ossos e dá suporte ao corpo, protege órgãos vitais e é essencial para a formação do sangue na medula óssea.
Tecido Sanguíneo
Consiste nos elementos figurados sanguíneos (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas) suspensas no plasma. Responsável pelo transporte de oxigênio, nutrientes, hormônios, remoção de resíduos metabólicos, controle da temperatura e coagulação.
Tecido Linfoide
Inclui órgãos linfoides como baço, timo, linfonodos, amígdalas e o tecido hematopoiético medular. Fazem parte do sistema imune onde exercem papel na defesa do organismo contra infecções e patógenos. Também participam da formação e da maturação das células sanguíneas.
Tecido muscular
Os tecidos musculares são responsáveis pela capacidade do corpo de se mover e exercer força. Existem três principais tipos de tecidos musculares:
Músculo Estriado Esquelético: é o tipo de músculo associado ao movimento voluntário do corpo. Composto por fibras musculares cilíndricas multinucleadas, as contrações deste tipo de músculo são controladas pelo sistema nervoso somático. Está ligado aos ossos por meio de tendões e é responsável pelo movimento, postura e estabilidade do corpo.
Músculo Estriado Cardíaco: é encontrado apenas no coração. Suas células são uninucleadas, ramificadas e interconectadas discos intercalares. O músculo cardíaco se contrai de modo involuntário sob controle nervoso do nó sinoatrial cardíaco e do sistema nervoso autônomo. Sua atuação garante o bombeamento eficiente de sangue através das câmaras cardíacas para todo o corpo.
Músculo Liso: está presente nas paredes de órgãos internos, vasos sanguíneos e tubos do sistema digestivo e respiratório. Suas células são fusiformes e uninucleadas. Suas contrações são involuntárias e controladas principalmente pelo sistema nervoso autônomo. Músculos lisos desempenham atuam na regulação do fluxo sanguíneo, movimento dos alimentos através do trato digestivo e outras funções viscerais.
Tecido nervoso
O tecido nervoso é responsável pela transmissão e processamento de informações no sistema nervoso. É composto por dois tipos principais de células: os neurônios e as células da glia. Os neurônios são as células especializadas em conduzir impulsos nervosos, transmitindo sinais nervosos através de suas fibras (axônios) para outras células. As células da glia atuam no suporte e nutrição dos neurônios, além de desempenharem funções imunológicas e regulatórias.
Os neurônios têm uma estrutura única, com dendritos para receber estímulos, corpo celular que contém o núcleo, e o axônio para transmitir os sinais para outras células. A comunicação entre os neurônios ocorre por meio de sinapses, onde os neurotransmissores são liberados para transmitir os sinais entre as células. O tecido nervoso é fundamental para o funcionamento do sistema nervoso, que controla funções como movimento, pensamento, percepção sensorial e regulação de órgãos internos.
Estudos dos tecidos no Enem
O tema dos tecidos no Enem pode ser abordado de inúmeras maneiras. Uma delas é a função básica das células neuronais. Por isso, é importante conhecer os neurônios e suas especializações. Além disso, as funções das células gliais podem ser abordadas, pois tais células participam da formação da barreira hematoencefálica que protege, mas dificulta o fluxo de medicamentos até o sistema nervoso.
Observe esta questão do Enem de 2010 que aborda a capacidade do tecido nervoso reagir à presença da cafeína.
(ENEM, 2010)
A cafeína atua no cérebro, bloqueando a ação natural de um componente químico associado ao sono, a adenosina. Para uma célula nervosa, a cafeína se parece com a adenosina e combina-se com seus receptores. No entanto, ela não diminui a atividade das células da mesma forma. Então, ao invés de diminuir a atividade por causa do nível de adenosina, as células aumentam sua atividade, fazendo com que os vasos sanguíneos do cérebro se contraiam, uma vez que a cafeína bloqueia a capacidade da adenosina de dilatá-los. Com a cafeína bloqueando a adenosina, aumenta a excitação dos neurônios, induzindo a hipófise a liberar hormônios que ordenam às suprarrenais que produzam adrenalina, considerada o hormônio do alerta.
Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br. Acesso em: 23 abr. 2010 (adaptado).
Infere-se do texto que o objetivo da adição de cafeína em alguns medicamentos contra a dor de cabeça é
a) contrair os vasos sanguíneos do cérebro, diminuindo a compressão sobre as terminações nervosas.
b) aumentar a produção de adrenalina, proporcionando uma sensação de analgesia.
c) aumentar os níveis de adenosina, diminuindo a atividade das células nervosas do cérebro.
d) induzir a hipófise a liberar hormônios, estimulando a produção de adrenalina.
e) excitar os neurônios, aumentando a transmissão de impulsos nervosos.
Como a cafeína é um estimulante, sua ação acaba por excitar os neurônio e aumenta a transmissão de impulsos nervosos.