Entenda tudo sobre desigualdade: o que é, tipos e exemplos

Publicado em: 22/12/2022

Desigualdade social é um problema que afeta todo o mundo, especialmente os países que ainda se encontram em processo de desenvolvimento. Pode-se dizer que há várias formas de desigualdades, como a econômica, de gênero, de cor, de crença, racial e digital. Por esse motivo, na Sociologia, falamos em desigualdades sociais no plural. Essas diferentes possibilidades de privação de direitos não estão sempre separadas. Muito pelo contrário, em muitos casos elas estão relacionadas e se reforçam. Dessa forma, para combater uma forma de desigualdade é preciso combater também outras.

O que é Desigualdade social

Ao analisarmos o conceito de desigualdade social, percebemos que não é algo natural, mas algo produzido pela sociedade e que também a transpassa. Além disso, ela também corresponde a um conjunto de processos e experiências sociais que fazem com que grupos ou pessoas tenham vantagens sobre os outros. 

Existem inúmeras formas de desigualdades sociais, como a de gênero, de cor, de crença e de raça, mas a que se torna mais evidente é a desigualdade econômica, pois ela está na base da disparidade de acesso a serviços, como educação, habitação, alimentação, transportes e saneamento básico. Esse desequilíbrio acaba gerando um ciclo no qual as situações de desigualdades se reforçam e perpetuam a discrepância entre grupos sociais.

A pobreza é um bom exemplo de como a desigualdade social reduz as possibilidades de ascensão social de uma família pobre que tem menos probabilidade de ter uma boa educação e instrução. Portanto, com baixo nível de escolaridade, terão destinados a si certos empregos sem prestígio social e com uma remuneração ínfima.

Causa da desigualdade social

Podemos elencar vários motivos responsáveis pelas desigualdades sociais, como a má distribuição de renda, a concentração do poder, a má distribuição de recursos públicos, a falta de investimento em áreas assistencialistas para a população mais carente e a falta de oportunidade de trabalho.

Podemos citar, como exemplo, a desigualdade no mercado de trabalho, uma vez que os postos de trabalho mais importantes e melhor remunerados são geralmente alcançados por pessoas que tiveram o maior grau de escolarização. No entanto, nem sempre as pessoas que tiveram acesso a boas escolas e fizeram bons cursos superiores vão competir de forma igualitária no mercado de trabalho, afinal, ainda existem as desigualdades de gênero e de cor, que limitam o ingresso às vagas.  

Portanto, a desigualdade social reforça a discriminação de oportunidades, de tratamento, de direitos e de liberdade. 

Tipos de desigualdade

Desigualdade racial

A desigualdade racial é a desigualdade de oportunidades para as diferentes raças: negros, brancos, amarelos e pardos.   A diferença entre raças é uma consequência material e simbólica de um sistema de dominação de uma sobre a outra, por meio de um discurso que reforça a crença na existência de um grupo superior e merecedor de controlar recursos e serviços nas sociedades. A perpetuação do racismo reforça as desigualdades sociais

No Brasil, por exemplo, por causa de um período de mais de 300 anos de escravidão, boa parte dos negros moram em favelas, lideram a taxa de analfabetismo e têm menos oportunidades de trabalho.

Desigualdade regional

A desigualdade regional se refere às disparidades entre regiões, cidades e estados. No Brasil, podemos exemplificar tomando como panorama da pobreza os estados presentes na região Nordeste e os estados do Centro-sul.  No primeiro, por conta de questões históricas, políticas e econômicas, há uma concentração maior de pessoas com rendimento de até meio salário-mínimo e um menor desenvolvimento humano.

Desigualdade de gênero

A desigualdade de gênero refere-se a diferenças entre homens e mulheres, homossexuais, trans e demais gêneros. Essa é uma pauta bastante perceptível na discriminação de oportunidades, de tratamentos, de direitos e de liberdades nas sociedades. Graças a influência do patriarcalismo, as mulheres ainda recebem salários mais baixos que um homem, mesmo fazendo a mesma atividade, com o mesmo grau de instrução e cumprindo os mesmos horários. Além disso, na esfera pública, podemos perceber a menor representatividade da mulher em cargos de poder e na política.

Desigualdade social no Brasil

O Brasil ocupa a lista de países com um alto índice de desigualdade social. Entre os chamados BRIC, países com elevado crescimento econômico e potencialidade de desenvolvimento para as próximas décadas, o Brasil é o país com maior contraste social, segundo a análise do coeficiente de Gini, o qual é capaz de examinar a distribuição de riquezas nos países.

Em 2017, o Brasil foi classificado como o 10º país com maior desigualdade social em um ranking de 140 países, a partir da análise de dados levantados pela Oxfam, confederação internacional com mais de 3000 membros que estuda e combate a pobreza no mundo. O estudo também expôs que os seis maiores bilionários brasileiros concentram, juntos, a riqueza da metade da população brasileira.

Supõe-se que 13 milhões de pessoas ainda estejam na pobreza extrema no Brasil, especialmente por causa da concentração de dinheiro e poder, das poucas oportunidades de trabalho, má administração dos recursos públicos, pouco investimento em programas culturais e de assistência e baixa remuneração dos trabalhadores mais necessitados.

Em 2019, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, divulgou um relatório no qual colocava o Brasil na sétima posição entre os países mais desiguais do mundo, ficando atrás apenas de África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto e Moçambique. 

O relatório do Pnud utilizou como critério a desigualdade e a distribuição de renda. De acordo com os dados, os 10% mais ricos do Brasil concentram 41,9% da renda total do país e a parcela que compõem o grupo de 1% dos mais ricos, concentra 28,3% da renda.

Desigualdade social no Enem

O ENEM tem abordado a temática da desigualdade social, em suas questões, por meio da reflexão de suas causas e sobre os fatores que permitem sua perpetuação. 

Enem 2022

Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma o preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos em regime de chibata?   JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.     O texto que guarda a grafia original da autora, expõe uma característica da sociedade brasileira, que é o(a):   a) Racismo estrutural.   

b) Desemprego latente.   

c) Concentração de renda.   

d) Exclusão informacional.     e) Precariedade da educação.      Resposta:

[A]   O trecho expõe o tratamento diferente recebido por negros no Brasil, especialmente no que diz respeito às forças policiais ou guardas civis, que reproduzem no dia a dia o racismo estrutural fruto de uma formação histórica baseada na colonização e na utilização de mão de obra escrava.