Colonialismo: o que foi, contexto histórico e características

Publicado em: 04/04/2023

O colonialismo foi o período de estabelecimento de colônias por parte dos países europeus em diversas regiões do globo, como a América, África e Ásia, com foco no primeiro.

Objetivando ganhos econômicos, os europeus estabeleceram colônias no recém-chegado continente americano, tomando a posse da terra e consequentemente exterminando boa parte da população nativa.

A colonização europeia ainda foi responsável pela escravidão de populações africanas, levadas forçadamente como mão-de-obra para trabalhar nos empreendimentos europeus na América.

Contexto Histórico

O colonialismo foi resultado direto das Grandes Navegações, expedições marítimas europeias que tinham o objetivo de alcançar a Índia para comercializar as especiarias lá existentes. Essas especiarias alcançaram alto preço no mercado europeu, compensando toda a aventura existente em viagens para regiões desconhecidas dos europeus.

Na tentativa de chegar à Índia, os europeus acabaram por encontrar um novo continente: a América.

Essa nova terra possuía milhões de moradores, equivocadamente chamados pelos europeus de “índios”, pois os mesmos acreditavam se tratar da Índia. Após outras viagens e a constatação de que se tratava de um novo território, os interesses europeus voltaram-se para a exploração econômica dessa região, com base nos princípios mercantilistas que regiam suas economias.

Portugal e Espanha largaram na frente na exploração marítima. Portugal foi o primeiro país europeu a chegar à Índia e a Espanha encontrou o continente americano. Por isso, assinaram entre si o Tratado de Tordesilhas, que dividia as terras “descobertas e a descobrir” entre os dois reinos. Nesse processo, a América foi dividida, cabendo uma parte na América do Sul para Portugal e todo o restante para a Espanha. Esse tratado deixou outros países europeus descontentes, como Inglaterra, França e Holanda. Esses países viriam a, no futuro, tomar posse de regiões do continente americano.

Na América já existiam populações humanas, foram chamados pelos europeus de “Índios”, por acreditar que estavam na Índia e não em um novo continente. Nos primeiros cem anos de contato entre europeus e indígenas, boa parte da população nativa da América vai perecer, em decorrência da violência da invasão, da exploração do trabalho e, principalmente, por doenças.

Ao longo dos séculos XVI e XVII, diversas colônias foram estabelecidas no continente americano, com alto custo humano.

Características do colonialismo

O colonialismo tem como objetivo explorar economicamente a região dominada ao máximo, extraindo todos os recursos possíveis e que possam vir a dar lucro.

O colonialismo se trata da dominação de um povo sobre outro, subjugando sua cultura, costumes, língua e religião. A lógica colonialista prevê, antes de tudo, a desumanização do outro para poder dominá-lo e explorá-lo. O racismo e o etnocentrismo imperam nas relações.

No caso da América, enquanto os indígenas viam os europeus como mais um povo, apesar da enorme diferença em comparação a qualquer coisa que conheciam, o aceitaram como mais um, já os europeus olhavam para os indígenas como inferiores e discutiam já nos primeiros contatos a possibilidade de escravizá-los ou não. Além do indígena, os povos africanos trazidos à força na condição de escravizados também passariam pelo mesmo processo.

Tipos de colônia

As colônias podiam ser de dois tipos:

  • Exploração: as colônias de exploração tinham como objetivo extrair as riquezas de uma região, onde o colonizador está ali unicamente com esse objetivo, e não objetivando uma vida naquele local, por exemplo. Essas colônias centravam-se na extração mineral ou na produção agrícola. Nesse segundo caso predominava o sistema de plantation, baseado em latifúndios monocultores, com utilização de mão-de-obra escrava e voltada para a exportação. A utilização de escravizados foi largamente utilizada nesse tipo de colônia, tanto indígena como africana.
  • Povoamento: essas colônias existiam principalmente em áreas menos interessantes economicamente para os europeus. Sem metais ou produtos agrícolas relevantes, restava a essas áreas a ocupação, normalmente por parte de cidadãos europeus “indesejados” em seus locais de origem, seja por crimes cometidos ou por pertencer a alguma minoria religiosa perseguida. Os colonos, então, tinham como objetivo construir uma vida nesses locais, onde predominavam pequenas propriedades privadas policultoras, com mão-de-obra predominantemente livre e com desenvolvimento de um comércio interno.

Descolonização

A descolonização do continente americano ganhou força no início do século XIX. Os ideais iluministas advindos da Europa e a situação política após as Guerras Napoleônicas foram os principais fatores que levaram os movimentos independentistas a acontecerem.

Nos Estados Unidos, as queixas em torno das cobranças de impostos por parte da Inglaterra insuflaram os colonos a se rebelarem, sendo eventos marcantes a Festa do Chá de Boston e a Declaração de Independência de 1776. No Haiti, a Revolução Francesa motivou os ideais de liberdade. Comandados por Jean-Jacques Dessalines, os haitianos alcançaram a independência em 1804.

Na América Espanhola, os atritos causados pela retirada da autonomia das colônias com o fim das Guerras Napoleônicas causou sentimentos de revolta entre as elites coloniais. É importante destacar as ações dos revolucionários Simón Bolívar e José de San Martín na libertação de boa parte dos países sul-americanos.

Imperialismo x Colonialismo

Durante o século XIX, as potências europeias invadiram e dominaram boa parte dos continentes africano e asiático. Nesse período o contexto era de Segunda Revolução Industrial, necessidade ainda maior de mão-de-obra e teorias falsamente científicas embasando ideias de superioridade racial. A Europa dominou boa parte da África e da Ásia, promovendo verdadeiros genocídios físicos e culturais em busca de riquezas. O Japão se colocou como um novo ator, dominando regiões próximas no Extremo Oriente. Já os Estados Unidos, apesar de não possuírem colônias formais, dominavam economicamente a América Latina.

Colonialismo no ENEM

Colonialismo é um tema recorrente nas provas do ENEM. Aspectos econômicos, sociais e culturais do período são abordados, com ênfase nas desigualdades resultantes da exploração do período colonial e na existência de saberes únicos e característicos da região, resultante da diversidade.

ENEM 2022

Quando os espanhóis chegaram à América, estava em seu apogeu o império teocrático dos Incas, que estendia seu poder sobre o que hoje chamamos Peru, Bolívia e Equador, abarcava parte da Colômbia e do Chile e alcançava até o norte argentino e a selva brasileira; a confederação dos Astecas tinha conquistado um alto nível de eficiência no vale do México, e no Yucatán, na América Central, a esplêndida civilização dos Mais persistia nos povos herdeiros, organizados para o trabalho e para a guerra. Os Maias tinham sido grandes astrônomos, mediram o tempo e o espaço com assombrosa precisão, e tinham descoberto o valor do número zero antes de qualquer povo da história. No museu de Lima, podem ser vistos centenas de crânios que receberam placas de ouro e prata por parte dos cirurgiões Incas.

GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. Porto Alegre: L&PM,2012. As sociedades mencionadas deixaram como legado uma diversidade de:

a) bens religiosos inspirados na matriz cristã.

b) materiais bélicos pilhados em batalhas coloniais.

c) heranças culturais constituídas em saberes próprios.

d) costumes laborais moldados em estilos estrangeiros.

e) práticas medicinais alicerçadas no conhecimento científico.

GABARITO: C