Antiguidade ocidental: o que foi, contexto histórico e principais civilizações
Publicado em: 04/04/2023O que convencionamos chamar de Antiguidade Ocidental se refere a sociedades antigas do continente europeu.
Essas sociedades foram importantes para moldar boa parte do da mentalidade ocidental, com conceitos ainda presentes em nosso cotidiano surgido nesses povos. Isso é fundamental para a construção e reconhecimento da Europa como Europa, um continente único e que compartilha um passado comum.
Grécia Antiga
A Grécia é uma região no sul da península balcânica. Com terreno montanhoso e muitas ilhas ao longo do Mediterrâneo, a civilização grega surge nessa região através da migração de diversos povos, como os dórios, os jônios, aqueus e eólios.
A Grécia Antiga nunca constituiu um reino, o que existia eram cidades-estado chamadas pólis. O que caracteriza aquela região e povo como algo único é a cultura comum, compartilhadas pelas várias pólis existentes não apenas no sul da Península Balcânica como também nas colônias gregas que surgem ao longo do Mediterrâneo.
As pólis derivam dos antigos genos, pequenos grupos com certo grau de parentesco que compartilhavam um antepassado comum. As cidades-estado vão surgindo a partir da junção das fratrias, conjunto de genos. As principais pólis gregas foram Atenas e Esparta.
Atenas
A cidade de Atenas estava situada na região da Ática. Com poucas terras férteis disponíveis, a principal atividade econômica da cidade estava relacionada ao comércio marítimo.
A pouca terra disponível fez surgir uma concentração fundiária, que refletiu uma profunda desigualdade social. Os eupátridas, grupo privilegiado da sociedade ateniense e dono das melhores terras, controlavam a riqueza e também a política da cidade, sendo os únicos com direitos políticos. Atenas era, num primeiro momento, uma oligarquia.
A insatisfação na cidade crescia devido ao aumento do endividamento dos camponeses, que acabava resultando em escravidão. Diversas revoltas relacionadas às dificuldades financeiras ocasionaram em reformas.
Essas reformas transformaram Atenas, outrora uma oligarquia, em uma democracia: regime político onde todos os cidadãos possuem direitos políticos iguais.
Os principais reformadores atenienses foram:
- Drácon: instituiu punições severas para aqueles que descumprissem as leis da cidade.
- Sólon: dividiu os cidadãos em 4 tribos, com direitos políticos variáveis de acordo com a renda. Além disso, criou órgãos de participação popular, como a Eclésia e a Bulé
- Clístenes: garantiu a igualdade de todos os cidadãos, independente da renda.
Apesar de inspirar o regime político atual que vivemos, a democracia ateniense não era tão abrangente como a atual. Nem todos eram considerados cidadãos, para tal, a pessoa precisava ser homem, livre, maior de idade e nascido em Atenas. Sendo assim, a maioria da população da cidade não possuía direitos políticos e não participava do processo.
Esparta
Esparta era uma cidade localizada na península do Peloponeso. Situada em terras férteis, a agricultura consistia na principal atividade econômica da cidade.
Diferente de Atenas, uma cidade democrática, Esparta era uma oligarquia. Um pequeno grupo, os esparciatas, possuíam poder militar, econômico e político. Os periecos eram pessoas livres, mas que não possuíam direitos políticos. Já a maioria da população espartana consistia nos hilotas, escravizados de propriedade do estado espartano. A vida de todos era decidida pelas decisões tomadas pelos esparciatas.
Esparta era conhecida por ser uma cidade guerreira. Os principais soldados da Grécia Antiga vinham de Esparta. Desde cedo, a criança espartana passava por um duro processo para tornar-se um soldado de elite. Aos 7 anos a criança era retirada do convívio dos pais e submetida a um intenso e violento treinamento até os 18 anos.
Guerra do Peloponeso
A guerra do Peloponeso foi um conflito envolvendo as cidades gregas de Atenas e Esparta em campos opostos. As duas maiores cidades gregas entraram em conflito por disputa de influência na Grécia. Apesar da vitória espartana, as duas cidades saíram bastante enfraquecidas do conflito, permitindo a ascensão de Tebas.
Religião grega
A religião grega era politeísta, com deuses de aparência e comportamento humano, mas imortais. Cada deus era associado a elementos humanos ou da natureza, e interferiam na vida cotidiana dos mortais.
Os 12 deuses do Olimpo eram os principais do panteão grego, sendo Zeus, deus dos céus, Poseidon, deus dos mares, e Hades, deus do submundo, os principais.
Roma Antiga
A criação de Roma é associada a uma antiga lenda envolvendo dois irmãos, Rômulo e Remo, que acabaram sendo alimentados por uma loba quando criança e, já adultos, acabaram por fundar a cidade. Apesar dessa lenda, a hipótese mais aceita credita o surgimento da cidade aos povos latinos que habitavam a região do Lácio, no centro da Península Itálica.
Roma foi o principal império europeu da Antiguidade. Sua história é dividida em três períodos: Monarquia, República e Império.
Já na Monarquia vemos a divisão social característica de Roma:
- Patrícios: os patrícios se diziam descendentes de Rômulo e Remo, fundadores da cidade. Os patrícios possuíam muitas terras e compunham a elite econômica e política de Roma. Eram os únicos a ocuparem cargos importantes, como o Senado.
- Plebeus: os plebeus eram cidadãos livres, mas que não possuíam direitos políticos. Ao longo do tempo, as diversas revoltas plebeias vão resultar em conquistas de direitos para os mesmos. Ainda assim, a grande maioria vivia em situações difíceis, dependendo de auxílio governamental.
- Clientes: eram pessoas que pediam auxílio a patrícios. Em troca prestavam serviços para os mesmos. Ter muitos clientes era sinal de prestígio para um patrício.
- Escravos: resultado de prisioneiros de guerra. Os escravos foram, durante a República e o Império, o motor da economia romana.
Na República, várias leis concedendo mais direitos aos plebeus foram aprovadas. Também foi um momento de expansão de Roma, com o domínio das terras ao redor do Mar Mediterrâneo após a vitória nas Guerras Púnicas contra Cartago. Devido a isso, cresce em importância na sociedade romana os militares, que chegam ao poder por meio dos triunviratos. Os dois triunviratos existentes resultam em guerras civis. O primeiro, composto por Júlio César, Pompeu e Crasso, resulta em vitória de Júlio César e ascensão do mesmo como ditador. Após a morte de Júlio, o segundo triunvirato entre Otávio, Marco Antônio e Lépido resultou no fim da República romana, com a ascensão de Otávio ao cargo de imperador romano.
O período do império foi o momento onde Roma atingiu sua extensão máxima. Além disso, torna-se comum as políticas de pão e circo, que consistiam em ajuda do governo e entretenimento disponível para as classes mais baixas. É durante o período imperial que surge, na província da Judéia, a religião cristã, perseguida nos primeiros anos, mas que acaba se tornando a religião oficial do império. Sucessivas crises vão surgindo a partir do século III, com a divisão do império em dois, diminuição do número de escravizados e, por fim, as invasões bárbaras que põem fim ao Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.
Antiguidade Ocidental no ENEM
A Antiguidade Ocidental vem sendo um tema cada vez mais recorrente no ENEM nos últimos anos. As questões normalmente cobram do candidato conhecimentos acerca de questões sociais do período, ou fatos relevantes da história de cada um dos povos.
ENEM 2020
Com efeito, até a destruição de Cartago, o povo e o Senado romano governavam a República em harmonia e sem paixão, e não havia entre os cidadãos luta por glória ou dominação; o medo do inimigo mantinha a cidade no cumprimento do dever. Mas, assim que o medo desapareceu dos espíritos, introduziram-se os males pelos quais a prosperidade tem predileção, isto é, a libertinagem e o orgulho.
SALUSTIO. A conjuração da Catilina/A guerra de Jugurta Petrópolis Vozes. 1990 (adaptado).
O acontecimento histórico mencionado no texto de Salústio, datado de I a.C., manteve correspondência com o processo de:
a) demarcação de terras públicas.
b) imposição da escravidão por dívidas.
c) restrição da cidadania por parentesco.
d) restauração de instituições ancestrais.
e) expansão das fronteiras extrapeninsulares.
Item correto: E
O texto se refere às Guerras Púnicas, conflito entre Roma e Cartago pela hegemonia do comércio pelo Mar Mediterrâneo. O resultado dessa guerra foi a vitória de Roma e a expansão da mesma para além da Península Itálica, o que torna o item E correto.