Ação Social: definição, Max Weber e tipos

Publicado em: 22/12/2022

Max Weber, sociólogo alemão, também contribuiu de forma bastante considerável para a definição da Sociologia como ciência. Seus estudos abrangeram campos como Economia, História, Direito e Filosofia, contemplando aspectos da economia capitalista e como a sociedade interage diante desse sistema econômico.

Weber acreditava que o papel da Sociologia era compreender os sentidos dados às ações humanas em suas relações sociais. Dessa forma, as conexões humanas e, por sua vez, as ações que estão inseridas no contexto dessas relações possuem sentido atribuído a elas por seus autores. 

O que é ação social

Por ação social entende-se toda conduta humana que possui um sentido determinado por seu autor que o orienta na convivência em sociedade. Caberia ao sociólogo buscar compreender os significados dessas ações. 

Weber elaborou quatro tipos ideais de ação social. Partindo do tipo menos racional para o mais racional, o autor estabelece a seguinte divisão: 

  • ação afetiva;
  • ação tradicional
  • ação racional orientada para valores;
  • ação racional orientada para fins.

A teoria da Ação Social

A teoria sociológica da ação social foi amplamente trabalhada pelo teórico Max Weber, que acreditava que a principal função da Sociologia era compreender os diversos aspectos da ação social. Então, para julgar se haveria ou não uma ação social, seria necessário observar três aspectos. 

O primeiro é que para ser uma ação social, os indivíduos levam em conta a existência e o comportamento dos outros. Por exemplo, se duas crianças, muito pequenas, estiverem brincando na mesma sala, não há ação social, simplesmente porque não há percepção do significado das ações do outro.

O segundo critério é o do significado, ou seja, a ação do sujeito deve ter o seu valor como um símbolo para os outros e as ações dos outros também devem ter seu valor como um sinal. Assim, a ação social será sempre dotada de sentido que será estabelecido através da comunicação

Por último, uma vez identificada a ação como “ação social”, torna-se necessário o sociólogo buscar compreender os sentidos da ação.

Ação social racional com relação a fins

São aquelas determinadas pelo cálculo racional que estabelece fins, objetivos e organiza os meios necessários para alcançá-los. Podemos citar como exemplo a estratégia de um jovem para ser aprovado no vestibular. 

O aluno define as ações necessárias para atingir esse objetivo, organiza-se racionalmente, avaliando os prós e contras para a sua aprovação e acaba optando pela melhor estratégia de ação para atingir o seu objetivo.

Ação social racional com relação a valores

Ação determinada pela ação consciente é um valor importante para o indivíduo sem considerar as consequências das ações em defesa desse valor. Podemos citar como exemplo alguém que aja de acordo com sua convicção política e ao defender suas ideias em uma manifestação pública, desencadeou uma repressão, que contraria seu objetivo político. 

Nessa ação, o ator social deve considerar as consequências positivas e negativas, mas a orienta a orienta de acordo com seus valores.

Ação social afetiva

Essa ação é determinada por afetos ou estados emocionais. Como exemplo, podemos imaginar um indivíduo que reage a uma agressão ou a uma ofensa momentânea de uma ação inesperada.

Ação social tradicional

Essa ação é motivada por um hábito arraigado ou um costume. Isto é, quando se pergunta ao ator social porque ele realiza determinada ação, ele responde que é porque sempre o fez e seus pais e antepassados também o fizeram. Um exemplo dessa ação é o fato de se benzer ao passar em frente a Igreja, como fazem os católicos.

Max Weber e a racionalização do mundo social

Max Weber fala, em sua pesquisa, sobre o processo que ele denomina de desencantamento do mundo. O sociólogo se referia ao desenvolvimento da racionalização do mundo moderno através do crescente desenvolvimento científico e tecnológico que permitiu à humanidade o domínio da natureza. 

Contraditoriamente, a racionalização do mundo só foi possível pela substituição da racionalidade mágica arcaica pela racionalidade judaico-cristã, a qual substituiu o âmbito sagrado pela visão de salvação pautada no desempenho individual e racionalizado. A racionalização era pautada no conhecimento científico e no desenvolvimento de formas de organizações racionais burocráticas que representavam a nova humanidade, manipulada pela técnica, materialidade e ciência.

Nesse processo, houve alguns períodos de descontinuidade e de enfraquecimento da dominação, no qual as instituições acabaram se desintegrando, pois não conseguiram lidar com um estado de tensões. Nesse contexto, entrou em cena o líder carismático, de caráter religioso ou político, apto a produzir mudanças significativas nas relações sociais. No entanto, a liderança carismática logo acabava sendo cooptada pelo cotidiano e pela burocratização, tornando-se uma liderança tradicional ou legal.

Max Weber e a Ação social no Enem

O Enem tem cobrado, em suas questões, os conceitos relativos a obra de Max Weber, como ação social e racionalização da sociedade.

Enem 2015

A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.

WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H., MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).   Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo evidencia o(a):

a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.   

b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.   

c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.   

d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade.   

e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.      Resposta:

[D]

A possibilidade de conhecimento racional da realidade revela que a modernidade pode questionar forças que, anteriormente, poderiam ser consideradas misteriosas. Tais forças correspondem a crenças tradicionais que, com o processo de desencantamento do mundo, deixaram de funcionar como baliza para a compreensão da realidade.