A origem da Filosofia: como surgiu, importância para o contexto social e como cai no Enem

Publicado em: 18/10/2023

A origem da filosofia remonta à Antiguidade grega, mais precisamente entre os séculos VIII e VI a.C., quando essa sociedade passou a vivenciar condições históricas e sociais que permitiram o desenvolvimento de uma nova forma de pensar. As discussões públicas, as relações comerciais com outros povos, o estabelecimento das ágoras e as próprias narrativas míticas levaram os gregos a desenvolver formas racionais de explicar a realidade. O nascimento daquilo que os helenos denominaram como logos ocorreu em meio a um agitado contexto social.

Conhecer a origem da filosofia é essencial para o ENEM, tanto porque algumas edições do vestibular já abordaram questões sobre essa temática quanto se faz necessário e relevante conhecer a gênese dessa área do conhecimento que foi tão importante para a evolução do conhecimento sobre o mundo.

Contexto histórico da origem da Filosofia

Em um contexto político marcado pelos debates públicos, assembleias e discussões, os cidadãos passaram a fazer uso da palavra e da argumentação para vencerem seus debates. Com o tempo, esse contexto histórico-político levou ao surgimento daquilo que os helenos denominaram como logos. Esse termo pode ser compreendido como pensamento racional. Com o desenvolvimento dessa forma de pensar, a visão de mundo dos indivíduos passou por grandes transformações. Aos poucos, os mitos de explicação da realidade saíram de cena e foram substituídos por modos de argumentação baseados no logos. Nasce, assim, a filosofia enquanto esforço de compreensão racional do mundo. O pioneiro nesse campo foi Tales de Mileto. Considerado o “pai da filosofia”, fundou a primeira corrente filosófica do ocidente, a chamada Escola de Mileto, composta por seus discípulos que seriam responsáveis por dar continuidade às investigações de seu mestre.

Filosofia x mitologia

No mundo contemporâneo, o termo “mito” é bastante associado com coisas não verdadeiras e até mesmo enganosas. No entanto, quando falamos dos povos da Antiguidade, o uso desse termo assume outro significado bastante importante para os indivíduos que viveram nessa época. Longe de serem construções enganosas, as narrativas míticas se caracterizaram como a primeira forma de explicação da origem do mundo e de seus fenômenos que foi desenvolvida pelos seres humanos.

Essas narrativas não estavam amparadas pela razão e pela lógica, mas sim pelos sentimentos e pelas concepções acerca do fantástico que se faziam presentes nas consciências dos indivíduos que vivem nesse período histórico. Nessa esteira, encontram-se os gregos antigos e suas narrativas míticas, muitas das quais são bastante difundidas na cultura popular até agora. A princípio, as narrativas míticas gregas eram transmitidas oralmente, fato que abria margens para diversas versões da mesma história.

Com o tempo, essas narrativas passaram a ser registradas por escrito pelos aedos, poetas que recitavam suas obras de forma cantada para a população, mantendo viva a tradição de explicação mítica da realidade. No entanto, com o desenvolvimento do logos e da atividade filosófica, pouco a pouco as narrativas míticas foram caindo em desuso e as explicações fantásticas dos fenômenos naturais foram sendo substituídas por teorias e raciocínios pautados na observação e na especulação racional. Esse foi um processo gradual e que demorou séculos, de modo que as primeiras perspectivas filosóficas ainda se encontravam sob influência direta das concepções míticas e de traços culturais dessa tradição ainda existentes entre os gregos.

Fases e temas da Filosofia clássica

Existem três importantes fases na filosofia grega antiga. Em cada um desses momentos, existiram temáticas específicas que impulsionaram as reflexões levadas adiante pelos pensadores helênicos. Em primeiro lugar, nos referimos à fase Pré-socrática. Nela encontramos os primeiros filósofos de que se tem notícia. Eles foram responsáveis por fundar as categorias de pensamento que seriam usadas pelos próximos filósofos ao longo dos séculos. As suas investigações giraram em torno da natureza, a qual era por eles chamada de physis. Partindo da ideia de que todas as coisas teriam a mesma origem em comum, esses pensadores passaram a buscar racionalmente explicações que desse conta de definir o que seria a arkhé, ou seja, o princípio originário de tudo o que existe no universo.

Com o florescimento do pensamento de Sócrates, a filosofia entra no período Socrático, marcado pelas reflexões sobre o ser humano e a sua forma de agir e conhecer o mundo. Apesar de Sócrates não ter deixado escritos de própria autoria, conhecemos seu modo de pensar por registros elaborados por seus discípulos, principalmente, por Platão. Preocupado com o desenvolvimento das virtudes e do autoconhecimento pelos indivíduos, Sócrates elaborou uma forma dialética de fazer filosofia. Por meio de perguntas, respostas e ironias, o pensador levava os seus interlocutores a examinarem profundamente as suas concepções sobre o mundo e sobre si. Assim, as investigações acerca da origem do universo cedem lugar às questões de ordem humanista.

O Pós-Socrático foi marcado pela decadência política. Depois de diversos conflitos e invasões realizadas no território helênico, as tradicionais pólis perderam a sua prevalência no cenário social da época. Após as mortes dos herdeiros intelectuais de Sócrates, a saber, Platão e Aristóteles, os filósofos se depararam com a missão de compreender racionalmente os princípios para guiar os indivíduos em direção à paz de espírito e à felicidade. Desse modo, esse momento da história da filosofia é marcado por investigações de caráter ético e, portanto, voltadas para a busca por um agir virtuoso e em comunhão com as dinâmicas da natureza.

A origem da Filosofia no ENEM

As questões que abordam a origem da filosofia no ENEM costumam explorar os aspectos políticos da sociedade grega que levaram à criação de condições favoráveis para o desenvolvimento do pensamento filosófico. Além disso, também são discutidas temáticas relacionadas à superação da consciência mítica em detrimento ao desenvolvimento de um pensamento lógico e amparado na racionalidade. Para responder corretamente a essas questões, é necessário conhecer o panorama social e político vivenciado pelos gregos antigos. Ademais, também é relevante conhecer a função que as narrativas míticas exerciam na sociedade daquela época.

(ENEM 2016) O aparecimento da pólis, situado entre os séculos VIII e VII a.C., constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade foi plenamente sentida pelos gregos, manifestando-se no surgimento da filosofia.

VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2004 (adaptado).

Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi resultado do(a)

a) constituição do regime democrático.

b) contato dos grego com outros povos.

c) desenvolvimento no campo das navegações.

d) aparecimento de novas instituições religiosas.

e) surgimento da cidade como organização social.